Conheci Joaquín Herrera Flores em Curitiba, em novembro de 1999, no II Congresso de Direito e Psicanálise - A Lei e a lei. Havia defendido minha tese de doutoramento naquele ano na UFPR. Joaquín, ao saber, fez o convite para que eu lecionasse disciplina de Garantismo e Direitos Humanos no Doutorado em Direitos Humanos e Desenvolvimento, da Universidade Pablo de Olavide (UPO), em Sevilha.
Já tinha ouvido falar muito nos teóricos de Sevilha, de Joaquín e de David (Sanchez Rúbio), pelo pai. O velho, durante o biênio letivo de 1994 e 1995, foi para La Rábida, na Andaluzia, fazer o Master em Teoria Crítica do Direito, curso organizado por Joaquín e David, semente do Doutorado da UPO.
A imagem dos dois andaluzes foi sempre presente na minha vida acadêmica, na redação da dissertação e da tese, nos escritos sobre Direito Alternativo.
Após a primeira experiência docente em janeiro de 2000, fui convidado para lecionar nas edições posteriores do Curso. Assim, pude desfrutar do convívio com Joaquín e com David e com a série de alunos e de professores que têm Sevilha como referência na Teoria Crítica dos Direitos Humanos.
A partir desta primeira experiência, conquistei novos amigos, novos irmãos de caminhada.
Juntos - eu, Joaquín e David - organizamos os Anuários Iberoamericanos de Direitos Humanos, cujos textos, na íntegra, disponibilizarei no Antiblog. O terceiro volume, sem assinatura de organização, publicado pela Edipucrs, em breve será editado em e-book. Sob a influência da teoria crítica dos Direitos Humanos reli o garantismo, em texto publicado no último Anuário.
Não tenho (não temos) palavras para dimensionar a perda.
Conforme vocês podem notar, estamos todos chocados com o fato de que, de uma hora para outra, não teremos mais o convívio com Joaquín.
Mas seus escritos estão nas prateleiras das livrarias e das bibliotecas e sua risada ecoa pelos corredores da UPO e pelas ruas de Sevilha, o que faz com que siga conosco.
Recentemente a Lumen Juris publicou a tradução de sua principal obra, Teoria Crítica dos Direitos Humanos: os Direitos Humanos como produtos culturais. Das últimas páginas retiro este pequeno fragmento:
"Dizia Celaya [Gabriel Celaya, poeta espanhol]: 'Maldigo la poesía concebida como un lujo/ cultural pero neutral/ que, lavándose las manos se desentienden y evaden. Maldigo la poeía de quien no toma partido hasta marcharse.'
Substituamos poesia por teoria e nos aproximaremos do princípio de dignidade que está latente nas páginas deste livro. Substituamos poesia por teoria e compreenderemos a profundidade dos versos de Celaya: versos escritos a partir da indignação e da vontade de encontros de todos os que resistem a assumir o mundo como dado de uma vez por todas. Substituamos poesia por teoria e teremos um argumento a mais para a luta social contra a injustiça e a opressão. (...)
Afirmemos a potência de nossa inteligência e de nossa capacidade de criar sentidos novos ao mundo. Enfim, redobremos a potência do constituinte, do ser humano, de tudo auilo que o coloca em tensão em direção a um novo acontecimento, em direção a um tipo de ação, em direção a um mundo possível e melhor."
Joaquín morreu. [silêncio] Viva Joaquín! [aplausos]
Viva Joaquín! Viva!
ResponderExcluirViva!
ResponderExcluirVivaaaaaaaa um Homens mais notáveis que conheci..Amado Mestre, que continuemos sua luta pela dignidade humana, Viva para Sempre em nosso Coração e na Luta, sem medo e com coragem!!! Viva Joaquín Herrera Flores!!!
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