Fica registrado o agradecimento ao Prof. Germano Schwartz pelo acolhimento da ideia e pela oportunidade de ter transformado o debate que iniciou no Antiblog em evento de qualidade.
Para seguir no tema e provocar ainda mais os debatedores, publico outra “charge” e alguns dados relevantes.
Instituto Sangari
MAPA DA VIOLÊNCIA 2010: HOMICÍDIO DE MULHERES NO BRASIL
No qüinqüênio 2003/2007, segundo dados do Subsistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, que faz uma tabulação nacional das Certidões de Óbito, foram registrados 19.440 homicídios de mulheres. Algo perto de 4.000 homicídios ao ano. Isto dá uma média nacional de 4.2 homicídios em 100 mil mulheres.
Mas o comportamento dos estados, e ainda mais, o dos municípios, é altamente heterogêneo.
Dos 5564 municípios existentes segundo o IBGE não registraram nenhum homicídio feminino nesse qüinqüênio mais da metade (51,9%) exatos 2.886 municípios. E não são municípios de pequeno porte, onde pelo baixo volume populacional a ocorrência é menos provável. São também municípios de porte médio como Bragança, no Pará, ou São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, com aproximadamente 100 mil habitantes, que o sistema não registra nenhum homicídio feminino entre 2003 e 2007.
No outro extremo, impressionam os dados de municípios como Tailândia, no Pará, ou Serra, no Espírito Santo que, ostentado taxas em torno de 19 homicídios para cada 100 mil mulheres, se fossem países teriam a triste liderança internacional nessa área (El Salvador, taxa de 12,7 homicídios em 100 mil mulheres, Rússia 9,4 e Colômbia 7,8)
Fonte: http://www.institutosangari.org.br/mapadaviolencia/homicidios_mulheres.html
10 comentários:
Estava na palestra de sexta e devido ao tempo não pude me manifestar!
mas quero expor o seguinte:
Ate onde vai a culpa da mulher??
digo isto porque vejo não só violência física, mas também moral, daquele tipo de agressor covarde que humilha, ou por não gostar ou por não ter amor, que se mantém "unidos" pelos filhos ou apenas pelo apego a coisas materiais!
Por que muitas se omitem?
por que não denunciam?
por que não vão embora de suas casas?
por que não expulsam estes covardes porta afora?
pois muitas podem fazê-lo sem temer por suas vidas mas não o fazem!!
Simplesmente abaixam a cabeça, e de forma submissa aceitam caladas.
Então caros amigos, como queria ter exposto na palestra, não só devemos lutar contra a violência que estes seres que se dizem "humanos" impõem contra as mulheres, mas sim mostrar-las que a vida sem eles pode e será muito melhor, que "elas" não são tão frágeis o quanto pensam e que podem viver plena e dignamente.
Salo,
A Esade estara sempre de portas abertas para eventos desse tipo, onde as ideias foram debatidas com civilidade e academicismo.
Obrigado a voce e Mari pela oportunidade.
Curti muito.
Germano
Outro material interessante para uma análise de criminologia feminista cultural são as letras de algumas músicas gaudérias, tal qual a famosa Morocha.
Caro Carlison,
antes o problema da violência doméstica pudesse ser resolvido desta forma simples como colocas. Na minha advocacia na Themis, atendi INCONTÁVEIS mulheres que eram integralmente vigiadas pelos maridos, a ponto ter de inventar desculpas para conseguir chegar à Themis buscando por ajuda. Não podes calcular como é séria a opressão exercida pelos homens contra as esposas, namoradas, companheiras. E, por favor, entenda, não estou dizendo que esta seja uma relação unilateral, em que a culpa é toda do homem e a mulher é necessariamente a vítima. Em geral se trata de um relacionamento doente em que a mulher fica em desvantagem, pois, em geral, é DELE que provém o sustento dela e de seus filhos, por exemplo. Ademais, e o que me parece o mais forte nisso tudo é que ss mulheres são constantemente ameaçadas e violentadas quando esboçam alguma reação no sentido de terminar a relação. E o medo, infelizmente - eu ousaria dizer que mais até do que qualquer implicação financeira ou psicológica que a separação possa causar - ainda é o que PARALISA mulheres pelo mundo afora. Veja-se, por exemplo, a mulher que foi assassinada, há alguns meses, pelo ex-companheiro, em frente às câmeras do salão de beleza em que trabalhava. E o pior é pensar que ela havia recorrido ao Poder Público e que, mesmo assim, o desfecho foi aquele que os números (do post) demonstram que não param de crescer.
Caríssima Mari, tudo bem? certas coisas que afirmo, afirmo por conhecimento de causa, pois já vivi certas situações, como você citou as mulheres são "vigiadas","violentadas","ameaçadas", mas não consigo conceber como dizes que o MEDO é o que as paralisa!!
Pois no meu parco entendimento somos animais, e qualquer animal quando acuado reage!! Vejo este tipo de mulher não como uma "coitadinha" e sim como uma pessoa "DOENTE" que SIM precisa de tratamento psicológico!!
Mas infelizmente, tenho que compará-las a viciados em drogas pois não conheço nenhum viciado que largou o mundo das drogas sem realmente querer, e elas tem que ter o animo de levar a cabeça e dizer "CHEGA" e aceitar a ajuda que lhes é ofertada ou procurar elas mesmas independentemente de MEDO!
Concordo, o ideal é que todas consigam se insurgir, apesar do medo e é esta a "campanha" que deve ser feita. E exatamente por isso charges como essas devem ser discutidas e rechaçadas por uma cultura que pretenda mudanças no que diz respeito à violência de gênero. Porque isso comunica e autoriza (não penso que necessariamente induza, o que é diferente) comportamentos de violência contra a mulher.
O relatório "Violência Doméstica 2009" afirma que entre as 30.543 participações por violência doméstica às forças policiais houve "diversos casos em que os ferimentos foram graves" e adianta também que se registou "a morte de 16 vítimas".
O número de participações aumentou 10,1 por cento em relação a 2008, concentrado no continente (92,4 por cento dos casos) e nos distritos de Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro e Braga.
Com "três a quatro queixas por hora", trata-se do "quarto crime mais registado em Portugal" e do "segundo crime mais registado na tipologia de crimes contra as pessoas", totalizando respectivamente sete e 28 por cento do total a nível nacional.
As vítimas de violência doméstica continuam a ser, na sua maioria, mulheres (85 por cento), com uma idade média de 39 anos, mais de metade casadas ou em união de facto, na maioria dos casos com o agressor. Destas, 77 por cento não dependiam economicamente do agressor.
Em 89 por cento dos casos foi a própria vítima a denunciar o ocorrido às autoridades. As autoridades foram chamadas a intervir em 77 por cento das queixas.
Segundo o relatório, em 16 por cento das ocorrências comunicadas, foram utilizadas armas, em 46 por cento das situações havia registo de "consumo habitual de álcool" e em onze por cento de consumo de estupefacientes.
As agressões foram praticadas maioritariamente na casa da vítima (80 por cento dos casos) e foram presenciadas por menores em 45 por cento dos casos.
Em mais de metade dos casos (51 por cento) tinha havido ocorrências anteriores de violência doméstica, segundo os dados da GNR.
Na maior parte das situações (76 por cento) houve violência física, em alguns casos com armas brancas e de fogo, em 56 por cento dos casos registou-se violência psicológica - maioritariamente insultos e ameaças - e um por cento das queixas referiu violência sexual.
Junho e Agosto foram os meses mais críticos, com uma média de queixas diárias de 97-98. Os dias em que se registam mais queixas são o domingo e a segunda-feira.
Os distritos onde o número de participações aumentou mais foram Setúbal (32,7 por cento) e Évora (30,3 por cento).
Com mais de cinco participações por mil habitantes, as comarcas de São João da Madeira, Porto, Espinho e Sintra são as mais problemáticas do Continente, enquanto Nordeste, Ribeira Grande, Ponta Delgada e Povoação foram as comarcas com maior taxa de incidência nos Açores e no Funchal e Santa Cruz, as comarcas da Madeira com mais queixas registadas.
http://publico.pt/Sociedade/numero-de-vitimas-de-violencia-domestica-subiu-em-2009_1432196
atençao q n fui eu quem escreveu, tirei do artigo referido no fim
Olá, estava presente na palestra, vivi por muitos anos minha mãe ser maltrata e muitas vezes apanhava de meu pai e ficava quieta, mas teve um dia ela que ela disse que isto não aconteceria mais mesmo com nove filhos para criar colocou ele para fora de casa. Foi uma epoca muito dificil mas eu admirei muito minha mãe.
Eu pessoalmente achei a charge muito criativa pois relatava a vida de muitas mulheres que apesar de estarmos no ano 2010 muitas pensam como na idade media.
Pensei muito e acho que Angeli alertou as ONGS que defendem as mulheres que ainda existe é muito frequente nos lares.
Interessante debate aqui, nesses comentários.
Sou meio contra essa divisão que a sociedade faz em generos, grupos, vitimas, algozes, fortes, fracos... Todos são pessoas. Depois, concordo com Carlison. Há uma neurotização nessas relaçoes, sim.
O medo paralisa, mas é o mesmo medo q faz tomar uma atitude. Há uma neurose permeando, sem dúvidas. Semelhante às mães q são coniventes com o abuso q seus filhos sofrem com os padres, padrastos, maridos....
Lei especial para a mulher, lei especial para a criança e adolescente, lei especial para gays e lésbicas, lei especial para o idoso.... São todos pessoas! Não mais ou menos pessoas.
Há tempos queria mesmo discutir um pouco isso.
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