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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Proibicionismo versus Pacifismo

O debate sobre as drogas tomou interessante dimensão na Província a partir da divulgação, pelo Marcos Rolim, da pesquisa do Dartiu Xavier. Sobretudo em razão da campanha de pânico moral "Crack, nem Pensar" veiculada pela imprensa sensacionalista.
Abaixo texto do Marcelo Mayora (na foto com seu gato) publicado hoje no Jornal do Comércio (clique aqui).

"Razões Pacifistas
Está em andamento intenso debate acerca do método adequado para a regulação das substâncias entorpecentes. Dartiu Xavier, professor de psiquiatria na Unifesp, publicou, ao longo de sua carreira acadêmica, artigos nos quais analisa a possibilidade de que a maconha sirva como substância apta a reduzir os danos causados pelo uso compulsivo de crack. No Estado, Marcos Rolim reverberou tais pesquisas, afirmando que a maconha pode servir de “porta de saída” para o uso problemático de crack, em franco questionamento às teorias que sugerem que a canabis sativa seria a “porta de entrada” da toxicomania. Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da USP e pesquisador vinculado ao ideal de abstinência que é fundamento da chamada “guerra às drogas”, prontamente questionou tais pesquisas, de modo que a polêmica foi instaurada. Crê-se que não é esse o foco da questão. Pouco importa se as “drogas” fazem “mal” à saúde. Por um lado, porque, mesmo as proibidas circulam por nossa sociedade; por outro, porque da constatação de que certa substância é nociva à saúde não deriva a necessidade de sua proibição. Do contrário, teríamos que defender a proibição do álcool, do cigarro, dos alimentos gordurosos etc.
A análise sobre a maneira pela qual o mundo deve controlar a circulação das “drogas” deve levar em consideração os efeitos colaterais da atual política, que é a responsável pela violência letal com a qual convivemos diariamente. A busca por uma nova política de drogas é uma das principais questões do século XXI por razões pacifistas, pois significa, ao cabo, um decreto de paz. Trata-se de, ao buscar soluções de controle inteligentes, que abdiquem das fardas e dos fuzis, interromper o ciclo de violência que está a assassinar e a encarcerar os “meros serviçais do narcotráfico” das periferias do mundo.
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