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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Homo Beatnikus

Depois de uma semana no intenso frio da costa leste chegamos em San Francisco ("west is the best", cantou Morrison). Clima ameno, sol, temperatura agradável, pessoas receptivas.
Devidamente instalados no apartamento que nos acolherá pelas próximas semanas resolvemos dar uma volta pelo circuito beatnik.
Tive os primeiros contatos com a literatura beat em Santa Maria, quando ainda estava na 7a. ou 8a. série do Colégio Centenário. No grande grupo de amigos que cultivo até hoje se destacava a Neca - hoje Profa. Dra. Maria Tereza Flores-Pereira, casada com meu irmão Zeca (Prof. Dr. José Carlos Moreira da Silva Filho).
A casa da Neca sempre foi um ponto de encontro daquele pessoal. Inclusive por alguns motivos muito especiais que não merecem ser referidos publicamente.
Na casa da Neca conheci o seu irmão, o Ence (Prof. Dr. Lawrence Flores Pereira). O Ence era mais velho, estava no 2o. grau, e rapidamente se transformou em uma referência para mim. Posso dizer que ele exercia uma espécie de "orientação intelectual político-literária".
A figura do Ence me fascinava. Estudioso, culto, crítico, irreverente.
O Ence deu a linha política e ajudou o nosso grupo a montar a chapa para o Grêmio Estudantil  ("Começando por Aqui", era o pretencioso nome). Foi o responsável, junto com a sua namorada Pati (Prof. Ms. Patrícia Genro Robinson), pela criação do nosso Grupo de Teatro - o casal nos ajudou a escrever, a dirigir e a montar nossa primeira e única peça.
E foi o Ence quem me apresentou Jack Kerouac, William Burroughs, Neal Cassady, Lawrence Ferlinghetti, Allen Ginsberg e Gary Snyder. Inclusive emprestando os livros - a propósito, a biblioteca do Ence sempre foi um objeto de desejo dos que frequentavam a casa da Neca.
Hoje pensei muito no Ence quando estava com a Mari na City Lights Booksellers & Publishers.
A livraria e editora (http://www.citylights.com/) foi o ponto de encontro e o espaço de resistência da Geração Beat em San Francisco na década de 50. Fundada pelo Ferlinghetti (na foto, em frente da livraria-editora) em 1953, está em plena atividade.
Não preciso dizer a emoção que senti durante as horas que estivemos na City Lights. Em determinado momento, no segundo andar - local reservado exclusivamente para a literatura beatnik - a Mari chamou atenção: éramos umas 06 pessoas sentadas nas poltronas da livraria, ouvindo jazz e lendo poesia beat.
Adquiri alguns livros publicados pela editora City Lights (Bukowski, Ginsberg entre outros) - todos disponíveis em português e publicados quase exclusivamente no Brasil pela L&PM. Nos próximos posts falo um pouco deles. A Mari comprou The Woman Destroyed, da Beauvoir.
A linha editorial da City Lights é bastante diversificada, inclusive com publicações na área da Criminologia e dos Estudos Culturais.
Depois uma taça de vinho no Vesuvio (http://www.vesuvio.com/).
Mas isto é para outro post.

[Post deliberadamente dedicado ao Marcelinho Mayora, genuíno beatnik]

4 comentários:

  1. Salo, lindo post. Não só por dividir conosco, em tempo real, tantas descobertas e indicações, mas, principalmente, por trazeres as tuas memórias, os teus amigos, os teus "mentores" para esse tempo presente. Imagino que estavam todos lá naquela taça, naquele vinho sorvido...

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  2. Valeu parceiro, feliz pra caramba com a homenagem.
    Eu queria ser hippie, mas beatnick tá ótimo. Sobretudo sobrevivendo em meio aos yuppies.
    abração.

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  3. Renata, querida, sem dúvida havia muita gente comigo, além da Mari, no Vesuvio tomando aquele vinho.
    Valeu pelo comentário.
    Marcelinho, não vejo grande ruptura entre a tradição beatnik e a hippie. Inclusive porque San Francisco é o berço de ambas. Se na década de 50 foi o espaço dos beatniks, em 60 e 70 floresceu o movimento hippie. Não esqueça que foi aqui que ocorreu o denominado "verão do amor".
    Abraços

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  4. Estou lendo o livro Hell´s Angels, do Hunter S. Thompson...e se é pra ser hippie ou beatnik, prefiro ser HA...rs....grande abraço!

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