Lembro que havia algo naquelas pinturas que me causava muito desconforto.
Vi pela primeira vez as obras de
Lucien Freud em 1997, na
National Gallery, na Trafalgar Square, em
Londres.
Não lembro se era a forma de apresentar a nudez ou, para além da nudez, como o artista retratava o humano, que produzia uma certa vertigem. Mas era neste jogo entre cores suaves delicadamente postas e figuras humanas representadas em sua crueza, que emergiam sensações viscerais. O desconforto deu lugar ao apreço e à admiração.
Inestimável perda para as artes contemporâneas.
"Georg Bendemann... tinha justamente acabado de escrever uma carta a um amigo que se achava no estrangeiro, fechou-a com uma lentidão lúdica e depois, o cotovelo apoiado sobre a escrivaninha, olhou da janela para o rio, para a ponte e as colinas da outra margem, com seu verde sem vigor" (KAFKA, O veredicto). O que Kafka narra - a paródia de vida do "verde sem vigor", uma decomposição leve, sem a força ofensiva do destacar-se em um certo horizonte - L. Freud desdobra no sem vigor murcho, na forma que se combina osmoticamente com a cor murcha, sem vigor, na flacidez da silhueta sem memória, espasmos mínimos - um Bacon sem a excitação "distorcida" na qual "algo ainda acontece".
ResponderExcluirAbração,
RTS.-
irreparável Timm.
ResponderExcluirincrível mesmo...Família bem mais ou menos esta...
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