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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pequeno Tráfico de Drogas

Recebi vários e-mails sobre a entrevista do Pedro Abramovay, Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, na qual defende projeto que impede prisão aos "pequenos traficantes".
Conforme havia postado anteriormente, a escolha do Pedro para a Secretaria foi particularmente precisa. Conhece a matéria e tem capacidade política de articulação para buscar alternativas ao encarceramento em massa causado pela genocida estratégia de war on drugs.
Para lembrar: 20% da população carcerária masculina e 50% da feminina está presa em decorrência do comércio ilegal de drogas. Poucos - repito: poucos - "grandes traficantes". Nossos presos por tráfico, sobretudo as presas, são pequenos comerciantes. Nenhum "barão da droga" frequenta nossas cadeias.
Além disso nossa legislação é particularmente perversa e muito falha, criando poucas soluções para graduação de "espécies de tráfico". A própria diferenciação entre porte para consumo e para comércio é nebulosa. Na lacuna ou omissão da lei, a prisão é a solução natural que os juízes encontram, entorpecidos pela lógica proibicionista e pelas campanhas de pânico moral - "crack, nem pensar" é o exemplo mais evidente.
Duas questões técnicas (pois o domínio da dogmática é importante para quem milita no Direito), sobre o debate.
A primeira é a referência ao traficante-dependente, o sujeito que vende droga para sustentar o vício. Publiquei com o Rafael Canterji artigo sobre o tema e depois desenvolvi no Política Criminal de Drogas. A legislação não impede que o juiz reconheça dependência em casos de tráfico, mas nossa jurisprudência é praticamente unanime em vedar a minorante ou a causa de exclusão de culpabilidade. Vícios jurisprudenciais do punitivismo.
O segundo ponto é que, mantendo o modelo proibicionista, é fundamental estabelecer critérios de diferenciação e graduação das hipóteses de comércio - como estabelece a legislação espanhola, p. ex., conforme igualmente trabalhei no Política.
Agora vejamos as repercuções da fala do Pedro, torcendo para que ele consiga avançar na matéria.

4 comentários:

  1. Peço mil desculpas, mas pouco me importa, pequeno traficante, grande traficante, usuário, tem mais é que ir pro depósito de lixo humano, pois pra mim nem seres humanos merecem ser chamados.

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  2. Caro Anônimo, penso que não devas pedir desculpas para ninguém. Tua manifestação parece ser absolutamente sincera, expressando de forma muito transparente os valores que te consolidam e que te identificam como pessoa.
    SC

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  3. Já foi pro saco. José Eduardo Cardozo recuou. Covardia lamentável. Infelizmente em matéria penal esquerda sempre se acovarda.

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