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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Sobre Prazeres, Proibições e Hipocrisias
"When I was in England, I experimented with marijuana a time or two, and I didn't like it.
I didn't inhale and never tried it again."
(Bill Clinton)
Os comentários do Dudu Jobim e do Marco Preis sobre os "refrigerantes de cannabis" anteciparam a discussão que eu iria propor no Antiblog.
Em vários Estados norte-americanos, como no Colorado e na Califórnia, foram aprovadas leis que permitem o "uso medicinal" da maconha. Em tese os refrigerantes seriam direcionados para este público.
Aqui em San Francisco os usuários autorizados recebem uma "carteirinha" que permite que portem maconha para consumo pessoal.
A questão toda é: "para obter a autorização a finalidade do consumo deve ser medicinal."
Assim, mesmo que o consumo cause algum dano ou induza a dependência ou seja uma "ponte" para outras drogas mais pesadas - argumentos utilizados frequentemente pelos proibicionistas -, o fim sanitarista-medicinal imuniza a substância.
O problema, portanto, não seria o consumo da cannabis em si, mas qual o objetivo do consumo.
Se o objetivo for diversão, prazer ou entretenimento o consumo é vedado e o usuário é criminalizado.
A política criminal de drogas inegavelmente é uma grande hipocrisia, fundamentada em um moralismo inconsequente que produz milhares de vítimas do controle punitivo-carcerário.
Mas o "problema" começa a ser relativizado quando são percebidas que as oportunidades de lucro, públicos (tributação) ou privados (mercado consumidor), são maiores que os lucros advindos do proibicionismo - indústria do crime, conforme a denominação do Nils Christie lembrada pelo Dudu, que cria mercados para lucro com a venda legal de armas, construção e gerenciamenteo (público e privado) de prisões etc.
Vejam que mesmo com a "finalidade medicinal", a arte das garrafas dos refrigerantes de cannabis indica um consumo totalmente diverso, pois induz com suas imagens e suas cores sentimentos de excitação, energia, adrenalina, diversão, prazer.
E enquanto isso a juventude pobre das periferias continua recebendo o tratamento de "inclusão social" oferecido pelas políticas públicas (criminais): sistema prisional.
Salo, acho que tu já deves ter assistido este vídeo dos sensacionais Simpsons (que aliás, por vezes tem piadas tão bem elaboradas que o grande público sequer entende, exemplo é o nome do Diretor da Escola, Senhor Skinner) http://www.youtube.com/watch?v=SVtZwUEdFgA&feature=player_embedded
ResponderExcluirEsta é uma demonstração clara da hipocrisia dominante.
Um forte abraço,
Dudu
No ponto.
ResponderExcluirQual será exatamente o conceito que diferencia diversão, contenção de sofrimento e sofrimento voluntário no caso das misérias psíquicas? Não estou falando de casos limites, evidentemente. Mas da maior parte deles. A auto-medicação com alcool, por exemplo, não apenas é grandiloquente como positiva para muitos pacientes e não parece ser diferente com ansioliticos, barbituricos ou estimulantes. A sacralidade médica é bastante útil no velar da ignorância inafastável daquele que não tem como prever o efeito no outro e também no velamento das possibilidades emancipatórias de que o outro (paciente) possa ter capacidade de discernimento quanto aos usos saudáveis mesmo das drogas legais. É incrível a ignorância médica acerca do que prescrevem e a ignorância pública acerca do que se consome. No caso exposto, não vejo a menor diferença entre a bebida ser para isto ou para aquilo, sobretudo porque geralmente será para todas as coisas. Mas bom mesmo é coca-cola liquida e maconha fumada.
ResponderExcluirdisse tudo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDia desses na casa da Manu concluímos que as necessárias alterações radicais na política de drogas seriam "ameaça a democracia", ou seja, um governo que radicalizasse na matéria correria sérios riscos de ser derrubado pelas forças conservadoras, mais ou menos como foi o Jango.
ResponderExcluirNa real, nada a ver: estávamos todos doidões.
Eu estou numas que acho que se engrossar o coro dos que defendem "economicamente" o anti-proibicionismo nao ajuda a desmascarar a hipocrisia da industria do anti-desbunde, mas ajuda(ria) a tornar a coisa menos ("menas") pior.
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