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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ensino e Extensão: Balanço das Jornadas


A semana de debates que tivemos na PUCRS foi bastante produtiva, sobretudo pelos temas que foram colocados em discussão. Desde questões epistemológicas sobre o estatuto científico da criminologia até os limites da investigação foram temas analisados.

No entanto, se assim como as grandes narrativas da criminologia e da dogmática penal pouco podem auxiliar para compreender o fenômeno complexo das violências na contemporaneidade, creio que determinado modelo de ensino (e extensão) esteja igualmente esgotado.

Monica Delfino, no painel de quinta-feira pela manhã, lembrou que operamos em sistema de ensino do século XIX para público do século XXI. Logicamente inexiste possibilidade de diálogo nestas condições.

A questão que gostaria de colocar é a da contraprodutividade dos modelos tradicionais de Congressos, nos quais inúmeras pessoas discursam sobre distintos assuntos, sem qualquer possiblidade de aprofundamento e de diálogo.

Nas Jornadas, tentamos minimizar o efeito perverso deste modelo, tematizando mesas sobre assuntos comuns - p. ex., dois painéis e um grupo de trabalho sobre violência de gênero - e sempre abrindo os painéis para questionamentos da platéia.

Todavia, por mais fantásticas que tenham sido as palestras, penso que os debates foram realmente aprofundados com os grupos de trabalho das tardes, nos quais, após a apresentação do tema, o trabalho passava a ser debatido por todos os membros do grupo (grupos pequenos, de no máximo 15 pessoas).

Os próximos eventos serão em outro formato, próximos aos Seminários Abertos do Doutorado realizados no primeiro semestre.

Para este semestre em breve serão divulgadas as datas dos Seminários Abertos do Mestrado em Ciências Criminais.

8 comentários:

  1. Guilherme Michelotto Boes24 de agosto de 2009 às 13:48

    Seria interessante também ter a palestra durante a semana, com todos assistindo e, após, na outra semana os grupos apresentavam um trabalho e debates! Ou o contário, penso que estariamos desenvolvendo mais conteúdo...

    Abraços,
    gostei de participar!

    Guigo.

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  2. O trabalho com a coordenacao de mesas em 2007 me deixou entusiasmado demais diante da experiencia e das discussoes.

    Imagino ( e ouvi relatos) que na versao deste ano do evento tenha sido ainda MELHOR.

    Sem comentarios: fantastico.

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  3. Sempre considerei esses mega-congressos muito mais um evento social, para rever os parceiros, do que um espaço de estudo. O formato seminário aberto é certamente mais proveitoso.

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  4. Salo, no início do texto disseste bem: congressos são um modelo de extensão. Aliás, sabemos, a formação profissinoal oferecida pelas instituições de nivel superior se alicerça em um tripé: ensino, pesquisa e extensão. As jornadas, podem estar vinculadas às atividades de pesquisa e resultarem em apresentação e em discussão de resultados de projetos. Eventos em que todos "ganham", quem sabe. Mas os Congressos, são, nitidamente extensão. E aí reside o seu valor. Representam a abertura do espaço acadêmico para a comunidade. Nesse de Sociologia, me encantou perceber que um líder comunitário (representante dos familiares dos presos) estava presente e, inclusive, interagiu fazendo perguntas abertas ao palestrante. Não fosse o Congresso, talvez ele não estivesse na PUC. Se, por um lado, o Congresso não é o espaço para o aprofundamento teórico, por outro, pode representar o espaço para a divulgação de idéias geradas em pequenos grupos. Sou muita suspeita para falar disso. Afinal, foi daqueles eventos que fizemos em Passo Fundo, por exemplo, que muitos estudantes foram cativados por ti e por outros de "nosso grupo" e, assim, entraram em grupos de pesquisa, conheceram livros e autores, vieram a POA, ingressaram na Especialização e no Mestrado. E naqueles anos, nós, como disse o M. Mayora, aproveitávamos, sim, para rever os amigos. Passado o Congresso, voltávamos à sala de aula e vocês (doutrinadores/pesquisadores/autores) ainda estavam lá, na memória e na nova bibliografia recém adquirida e autografada, legitimando nossos discursos de professores iniciantes...

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  5. boa problematizção Renata. pensarei sobre isso.
    SC

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  6. Acabo de chegar de um grande Seminário de um Instituto famoso de SP.
    A sensação que tive foi de um grande evento social.
    Contraprodutividade total.
    Aliás, SP é mestre em eventos de homens e mulheres bem vestidos, altos cargos e palavras ao vento.
    Basta olhar a nossa produtividade e crescimento em Criminologia.
    Concordo plenamente com seu artigo e parabéns pelo seu evento!

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  7. Acho muito boa a combinação bons palestrantes + apresentação de trabalhos.
    Talvez o problemático nestes eventos não seja tanto o formato, mas a duração deles.
    Muitas pessoas gostariam de acompanhar todos os momentos, palestras e debates de apresentação de trabalhos. Nos grupos, em especial, o aproveitamento se dá em duplo sentido: para o pesquisador que está apresentando seu trabalho e para seus interlocutores, que estão pensando, trazendo e recebendo dúvidas sobre a produção do conhecimento. Considerando, também (e sobretudo), aquelas pessoas que se constrangem para fazer perguntas em “auditórios" e as fazem nas salas, onde o espaço é menos "dividido" simbolicamente, esta proposta é muito enriquecedora. Mas, infelizmente, nem todos conseguem “dar-se a este luxo” por 5 dias.
    À exceção de profissionais liberais, professores e pesquisadores, para todos aqueles que precisam “bater cartão” (e, dependendo de onde se trabalha, isso pode significar férias ou pedido de demissão), um evento com duração de 5 dias é complicado. (Isso para não falar na questão dos valores das inscrições para estudantes, o que diminui significativamente o número de participantes. Exemplo: um aluno de sociologia da UFRGS, bolsista, ganha 350 pila/mês. 60 reais é 17% da bolsa.... e como não tem como assistir palestras ou apresentar trabalhos sem pagar a inscrição... Bom, mas isso são questões institucionais....)
    Enfim, talvez um evento com menor duração (em dias) ou com mais espaço (tipo, uma Jornada mensal - em determinado mês - com encontros em 1 dia da semana, por exemplo...) seria tão profícuo quanto e com maior “acessibilidade” aos mais diversos públicos.
    Abraço.

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  8. Na remota época do colégio a palavra "palestra" significava que teriamos que ouvir algum(a)(ns) chato(a)(s) falar sobre os perigos do sexo e das drogas de uma forma bastante babaca, lembro de que na hora das perguntas (que podiam ser via "papelzinho") nós sempre perguntavamos "de onde vem os bebês?". O nosso objetivo nos dias de tais eventos era tentar fugir pro bar (o ferrolho), mas nem sempre era possível. Assitir palestras era obrigatório, eles queriam nos disciplinar. Na faculdade as coisas mudaram, pero no mucho. A "palestra" continuava sendo obrigatória e era preciso assistir horas e mais horas delas como atividades complementares. Assim bravamente eu assisti (sempre na espera pela chamada) elucubrações a respeito de coisas bizarras como "o regime especial das licitações para o fornecimento de cachorro quente ao estado do Acre". Sem contar o tempo infinito dos puxa saquismos de abertura(vai falar o excelentissimo sr. dr. presidente das pessoas mais inteligentes do mundo...) Sem contar que nem sempre sai barato(concordo com a srta j. disse acima). Realmente eu confesso que tenho trauma de "palestra". Pra começar, acho que a chamada não devia existir, a presença tem que ser livre e aquela coisa de horas complementares abolida, ou pelo menos severamente combatida. Depois, mesmo que isso seja utópico, mas a entrada deveria ser franca ou ter um valor mais simbólico. Com 60 pilas se compra mais ou menos 20kg de feijão, e gastar 20kg de feijão pra assistir uma palestra e apresentar um trabalho é impossível pra muita gente, ainda mais pra quem já faz malabarismo pra pagar uma faculdade. Assim como a galera do software livre, acho que a informação quer ser livre e, de preferência, indisciplinada. Seria bacana tirar a palestra do palco, das falas que vem de cima (lembro dos padres e dos altares), e jogar ela pra platéia.

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