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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Neuromanias, Psico-ciência e Science Killers à Beira de um Ataque de Nervos


Os fundamentos metafísicos da dogmática jurídico-penal, sobretudo da teoria do delito, ainda colocam como centro do debate sobre a culpabilidade o dilema livre-arbítrio versus determinismo. Logicamente a criminologia em muito colaborou com a expectativa de resolver esta falsa questão. Inclusive na atualidade, com o reviver das neurocriminologias, conforme escrevi no post Neuromanias, Psico-ciência e Science Killers.
Ocorre que no marco das ciências modernas, é absolutamente inconcebível ao cientista das ciências criminais não ter absoluto ‘controle’ sobre os fatores que desdobram os eventos que são seus objetos de investigação, sejam derivados de causas pré-determinadas, sejam decorrentes da livre escolha do sujeito.
Recentemente li na Veja (edição 2125, 12.08.09, pp. 48-51) reportagem denominada “Por Obra do Acaso”. A matéria, por óbvio, não estava localizada na área de ciência, mas de 'cultura' (cinema, música, televisão, livros).
Na reportagem, o jornalista descreve a obra do físico norteamericano Leonard Mlodinow, “O Andar do Bêbado”. Segundo o pesquisador, as pessoas não suportam e dificilmente reconhecem o acaso. Mais “a ilusão de que temos o conhecimento necessário para controlar as variáveis mais doidas do mundo cotidiano – como os números de uma roleta – provoca equívocos nas mais diversas atividades.”
Mlodinow sustenta que a escolha por um filme, a preferência por um livro, a eleição de um candidato, p. ex., está sujeita a tantos fatores arbitrários que ninguém sabe de fato prever. O sucesso ou o fracasso dependem, também, de fatores que nenhum ser humano tem condições de controlar plenamente. Assim, o acaso absoluto passa a ser forma de perfeição e, conforme o investigador, sua consciência pode ser libertadora.
No que tange às nossas ciências, esta variável recoloca inúmeras questões (e pode ser libertadora...).

Um comentário:

  1. E, todavia, já houve quem tentasse elevar o "acaso" ao nível de "princípio metafísico", mesmo que sem se dar conta dessa sofisticada operação mental ... em minha época de estudante, muitos se deslumbravam com "O acaso e anecessidade", de J. Monod.
    Abraço,
    RTS.-

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