No aeroporto, o professor espera. Sem previsão de embarque por causa das condições meteorológicas, ocupa sua quarta hora recebendo e respondendo correspondências eletrônicas. Comenta textos de amigos travestidos de orientandos; critica trabalhos de orientandos travestidos de amigos; troca confidências com amigos antigos, daquela época que não se sabe bem o motivo de tanta saudade. Entre um pensamento e outro, a interrupção.
Desconhecida: Professor? Professor! Não acredito que é o senhor. O senhor não deve estar lembrando de mim, né?
Professor: Bem... O rosto não me é estranho...
Desconhecida: Professor, o senhor lecionou na minha turma de Mestrado na Faculdade de Direito da Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. A minha foi a segunda turma do curso. Turma de 1999.
Professor: Dez anos. P^#&%, isso é uma eternidade. Sequer lembro de mim naquela época. [brinca sem saber se a interlocutora percebe a ironia]
Desconhecida: Professor, tenho que lhe confessar uma coisa: suas aulas marcaram demais minha vida acadêmica. Foram maravilhosas. E os seus livros... Professor, eles foram fundamentais para minha formação. Tudo que eu sei de crítica ao direito devo ao senhor.
Professor [constrangido, mas deliciado pelos elogios]: Ora, por favor, não me chame de senhor. Nem sou tão velho assim... E não diga isso, não subestime meu papel acadêmico. Eu apenas...
Desconhecida [enfática]: Não professor, com certeza [ênfase dobrada] os seus livros mudaram a minha vida. Não sei como agradecer.
Professor [perdido na falsa modéstia]: Ora, agradeça a você mesma. Seja generosa e reconheça o teu esforço...
Locutora [ao fundo]: a Infraero informa o embarque do vôo 7489 com destino a Guarulhos com escala em Porto Alegre.
Professor: Tenho que ir. Finalmente uma perspectiva de dormir em casa depois de uma tarde inteira neste aeroporto.
Desconhecida: Professor, foi um prazer imenso revê-lo e poder dizer o quanto lhe admiro. Suas aulas de Direito do Trabalho foram maravilhosas. Espero a publicação dos seus novos livros. O senhor tem muito a dizer e a ensinar. E, por favor, transmita um forte abraço para sua esposa. Diga que eu adorei conhecê-la naquele jantar em Curitiba. E dê um beijo nas meninas. Nossa, elas devem estar enormes... Como era mesmo o nome delas...
Desconhecida [agora pensativa]: Mas... Professor, o senhor não mora em Curitiba?
Professor [tentando se recuperar]: É possível... Tanto quanto leciono Direito do Trabalho. Mas vou aproveitar para dar uma olhada em Porto Alegre. Provavelmente tenha perdido algo pelo caminho...
Desconhecida: Professor? Professor! Não acredito que é o senhor. O senhor não deve estar lembrando de mim, né?
Professor: Bem... O rosto não me é estranho...
Desconhecida: Professor, o senhor lecionou na minha turma de Mestrado na Faculdade de Direito da Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. A minha foi a segunda turma do curso. Turma de 1999.
Professor: Dez anos. P^#&%, isso é uma eternidade. Sequer lembro de mim naquela época. [brinca sem saber se a interlocutora percebe a ironia]
Desconhecida: Professor, tenho que lhe confessar uma coisa: suas aulas marcaram demais minha vida acadêmica. Foram maravilhosas. E os seus livros... Professor, eles foram fundamentais para minha formação. Tudo que eu sei de crítica ao direito devo ao senhor.
Professor [constrangido, mas deliciado pelos elogios]: Ora, por favor, não me chame de senhor. Nem sou tão velho assim... E não diga isso, não subestime meu papel acadêmico. Eu apenas...
Desconhecida [enfática]: Não professor, com certeza [ênfase dobrada] os seus livros mudaram a minha vida. Não sei como agradecer.
Professor [perdido na falsa modéstia]: Ora, agradeça a você mesma. Seja generosa e reconheça o teu esforço...
Locutora [ao fundo]: a Infraero informa o embarque do vôo 7489 com destino a Guarulhos com escala em Porto Alegre.
Professor: Tenho que ir. Finalmente uma perspectiva de dormir em casa depois de uma tarde inteira neste aeroporto.
Desconhecida: Professor, foi um prazer imenso revê-lo e poder dizer o quanto lhe admiro. Suas aulas de Direito do Trabalho foram maravilhosas. Espero a publicação dos seus novos livros. O senhor tem muito a dizer e a ensinar. E, por favor, transmita um forte abraço para sua esposa. Diga que eu adorei conhecê-la naquele jantar em Curitiba. E dê um beijo nas meninas. Nossa, elas devem estar enormes... Como era mesmo o nome delas...
Desconhecida [agora pensativa]: Mas... Professor, o senhor não mora em Curitiba?
Professor [tentando se recuperar]: É possível... Tanto quanto leciono Direito do Trabalho. Mas vou aproveitar para dar uma olhada em Porto Alegre. Provavelmente tenha perdido algo pelo caminho...
Post Scriptum: dados sobre a identidade do "verdadeiro" professor foram omitidos para que não houvesse identificação. Apenas uma certeza: não era de Direito do Trabalho.
Amei!hahaha...
ResponderExcluirGostei especialmente dessa parte: "...Comenta textos de amigos travestidos de orientandos; critica trabalhos de orientandos travestidos de amigos"... dá muito o que pensar.
ResponderExcluirAbraço,
RTS.-
hehehehehe...
ResponderExcluirEXCELENTE!
ResponderExcluirÉ verdade, espero que tenhas "comentado" meu primeiro capítulo.
ResponderExcluir"ATORON" aquele teu livro sobre RECURSO DE REVISTA.
ResponderExcluirHAHAHAHAHAHAHA!!! Quando li lembrei, sabe-se lá porquê, que uma vez tu contou ter sido apresentado como membro do Instituto TRANSCEDENTAL de Estudos Criminais. Como consolo, a vida seria muito pior sem essas coisas.
ResponderExcluirAgora entendi as alusões ao direito do trabalho nas aulas... és do ramo (hehehe!).
ResponderExcluirSacanagem, velho!
ótimo post!
Abração!
desde o início de minha carreira como juiz do trabalho, tive certeza que tu serias referência no direito laboral!
ResponderExcluir"Parece que há um aluno que me acompanha em todas as turmas, desde a minha primeira turma; ele ele parece incansável..." (Autor/Professor Conhecido)
ResponderExcluirPan, este é um motivo de post próprio...
ResponderExcluirComo o Timm disse: dá muito o que pensar... De imediato pensei em doutores travestidos de professores..
ResponderExcluir