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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Mentes Perigosas na Academia

"Mentes Perigosas na Academia: sobre plágios, responsabilidades, diagnósticos e estigmas", artigo publicado no Boletim do IBCCrim de abril.

2 comentários:

Anônimo disse...

O que achastes da denúncia no que se refere ao caso da Boate Kiss?
"Serão processados por homicídio doloso qualificado e 623 tentativas de homicídio os sócios da Kiss Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffman, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão."

Unknown disse...

Por que é tão difícil (para alguns) acreditar que a psicopatia existe e pode ser avaliada pelo PCL-R?

A psicopatia é uma construção social tanto quanto a Floresta Amazônica é o pulmão do planeta. Dois argumentos equivocados fundamentando causas socialmente necessárias. Já fiz várias pesquisas no contexto carcerário. Em todas elas, jamais usei o PCL-R apenas para identificar indivíduos que transgrediram a norma. Não precisaria de uma escala psicométrica para isso. O que esse instrumento pode fazer (quando utilizado de forma comedida e sem qualquer pretensão prognóstica) é auxiliar na identificação de indivíduos que são, ao mesmo tempo, antissociais em suas tendências comportamentais e emocionalmente pouco responsivos aos seus semelhantes. Em outras palavras, os psicopatas existem e podem, ao menos aqueles que tem a sua história criminal documentada, ser avaliados pelo PCL-R. Do contrário, como saberiam os pesquisadores que o cérebro de um psicopata é diferente de um indivíduo sem o transtorno?
Sim ele é diferente! Desde o final da década de noventa, a Neurociência Cognitiva vem reunindo evidências e mais evidências de que os psicopatas não processam informações de conteúdo emocional da mesma forma que indivíduos sem o transtorno. Qualquer um que duvidar disso pode tentar comparar um grupo de psicopatas com não psicopatas quanto ao reconhecimento de emoções expressas pela face. Com a avaliação correta e o devido controle dessa variável é possível confirmar que existem diferenças nesse processamento. Como eu sei disso? Pelo fato de que eu mesmo fiz isso e outros pesquisadores na última década também o fizeram. De um modo geral, os dados são muito convergentes. Como consegui descobrir quem era e quem não era psicopata? Usando o PCL-R. Usando, portanto, um instrumento cientificamente útil. Afinal, não poderia chegar a um diagnóstico a partir da cor dos olhos ou pelo formato do crânio de alguém. Avaliei psicopatas em privação de liberdade (uma minoria) e comparei com outros indivíduos também dentro do sistema de privação de liberdade que não eram psicopatas (a grande maioria).
O problema é que quando menciono “cientificamente útil”, alguns (por razões que eu mesmo desconheço) parecem ler: “juridicamente imprescindível”. Ou seja, confundem a defesa de uma “ferramenta de pesquisa”, com a apologia a uma “estratégia de segregação”. É claro que o PCL-R utilizado como fundamento para uma “futurologia punitivista” não pode produzir nada de útil, assim como uma tesoura usada para cortar alumínio também não. O PCL-R não é uma “bola de cristal” capaz de identificar quem irá ou não reincidir. O bom uso de um teste depende, mais do que tudo, de um conhecimento sobre os reais limites desse mesmo teste.
Por que então é tão difícil para alguns (certamente, não todos) pensadores do Direito ou mesmo da Psicologia considerarem a existência da psicopatia e a sua possível mensuração a partir do PCL-R, mesmo como um mero instrumento de pesquisa? Dois são os motivos. Informações pobres subsidiando intenções nobres.
Silvio José L. Vasconcellos