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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Crítica da Crítica


O Diego de Carvalho, meu irmão, é jornalista de formação e está fazendo, no momento, Mestrado em Comunicação social. O cara manda muito bem nas letras - escreve poemas e contos que gosto muito e que podem ser lidos em alguns sites que indiquei nas "Contraculturas para Degustar": Meio Tom, Sana Society e Tanto. Crescemos juntos lendo tudo da Geração Beatnik (o fdp frequentemente abusava da minha bilioteca e até hoje acredito que alguns livros meus estão com ele), o que marcou muito nossa forma de pensar, de criticar e, sobretudo, nossa escrita.

Sua Excelência, nosso pai, enviou link do blog Estudos de Jornalismo que recentemente publicou texto do Diego apresentado na disciplina de Crítica das Práticas Jornalísticas, no Mestrado da Unisinos.

Compartilho no Antiblog o trabalho.

Esboço de Crítica da Crítica, por Diego de Carvalho (jornalista)
A “satanização” das comunicações diz respeito, em parte, a antiquada esquerda, que não consegue enxergar os possíveis da realidade não apenas comunicacional atual. Isso foi dito, com outras palavras, por Antonio Negri (1993), e entendemos que ele se referia à tradição apocalíptica, que, segundo José Luiz Braga (2002), por incrível que pareça, persiste nos dias de hoje, como seu oposto, os integrados. Para nós, essa corrente de pensamento (apocalíptica) atualmente, ou melhor, a partir da virada do século, se apóia na crítica negativa das novas tecnologias de comunicação e informação. Consideramos também que ela não se limita ao campo das mídias, pois as mudanças tecnológicas ocorrem conjuntamente a mudanças políticas, culturais e econômicas, próprias da globalização, ou, melhor, da ordem mundial que Negri e seu companheiro Michael Hardt nomearam, mais especificamente, de Império, no livro de mesmo nome (2006).
Na obra, o conceito de Império se choca ao de multidão – potência positiva da realidade atual. Mais ou menos na mesma época em que Império foi lançado, três textos apocalípticos surgiram, chorando o passado perdido, o declínio do Estado-nação, o fim das grandes narrativas, mesmo que o conteúdo principal seja a fobia frente às novas tecnologias de comunicação, principalmente a internet.
Esses textos de Joel de Rosnay (2002) e Ignácio Ramonet (2001; 2002) resumem muito bem um certo espírito derrotista, em que o passado se mantém como um fantasma. Para ambos, a internet é uma rede sem centro, caótica, e as outras mídias são engolidas por ela. Neles, as mídias de massa tradicionais, estão em crise, e uma horda de bárbaros digitais se apropria do seu o espaço, e não há mais nada a fazer. Ramonet (2001) especifica essa discussão, tendo o jornalismo como objeto. Para o autor, esse tradicional instrumento das sociedades democráticas estaria sendo corrompido a tal ponto que sua morte é inevitável. A proposta inicial deste ensaio era uma crítica das práticas jornalísticas, mas decidimos trabalhar com um tema mais amplo, as mídias como um todo, pois as questões expostas aqui não são restritas. Mas quando falamos em mídias, consideramos também, é claro, o jornalismo.
Mas no ano em que Império (o livro) foi lançado, e também nos anos posteriores, o poder hegemônico foi abalado pelos governados e explorados, por uma insurgência global, que foi traduzida em Multidão: livro de Negri e Hardt (2004) que agora dá espaço maior as potências reais de transformação da ordem mundial. O livro vem de carona com as manifestações de Seattle, contra a guerra do Iraque, os Fóruns Sociais, alguns exemplos dessa insurgência. Multidão, como já acontecia em Império, vai de encontro à posição passiva apocalíptica – essa crítica pela crítica que nada propõe – e de forma alguma se alia aos integrados, pois a democracia real (sonho da multidão) não está dada, deve ser criada.
Algumas semanas atrás, o assassinato de um sem-terra, em confronto com a polícia, recebeu destaque nas mídias. O fato nos impôs a lembrança de que há uma resistência no Brasil consistente, que á aliada de resistências globais, como a Via Campesina e a rede Zapatista. Todas reivindicam a terra, este bem que deveria ser comum, de todos, como é a linguagem, nosso corpo humano, nossa produtividade que constrói o mundo.
Se de um lado há esse poder hegemônico, em que não há mais um sujeito em oposição bem definido, como no marxismo, o qual Ramonet chora – talvez sem saber –a falta; de outro lado, há essa multidão singular que se quer assim, e que resiste. A multidão, aos poucos, mina os poderes, sua revolução não chegará, ela acontece, é um processo em andamento. Deveríamos nos perguntar de que lado nós estamos: aceitaremos nos misturar a multidão e lutar por uma realidade menos endurecida, ou apenas ficaremos sentados, chorando a perda de um passado provavelmente mais triste que a realidade atual?
Quanto ao jornalismo, talvez sua morte nos permita dar um passo para esta outra realidade, essa sim democrática. O corte entre produtores e leitores, no jornalismo, há muito separa a multidão, impõe hierarquias, permite que apenas poucos representem muitos – reflexo da democracia representativa. Mas como cada vez mais esse corte é esmaecido, a questão agora não é mais “quem vai falar”, mas “o que falar”.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Razão Ardilosa


Ricardo Timm de Souza (querido amigo, na foto ao lado, alguns anos atrás) tem insistido na tese de que devemos compreender, cada vez mais, os argumentos retóricos que encobrem aquilo que denomina razão ardilosa. No direito, sobretudo no direito penal, esta racionalidade que substancializa a razão instrumental permite que se processe aquilo que David Sanchez Rubio, Joaquin Herrera Flores e Franz Hinkelammert intitulam como inversão ideológica dos direitos humanos.
A razão ardilosa, conforme ensina Timm, procura, antes de mais nada, não chocar, pois está imbuída na tarefa de sustentar a violência e a vulgaridade do mundo: “o meio-tom intelectual é seu registro, pois não pode mostrar a que veio, mas apenas o que transparece em sua retórica de intenções. Sua violência é adocidada; justifica o injustificável, legitima o ilegitimável a partir da seiva argumentativa que destila desde a profundidade de seus interesses estratégicos (...)” (Ricardo Timm de Souza, O Nervo Exposto, p. 05).
Os pensadores da escola crítica de Sevilha, ao analisarem as ferramentas e os discursos do direito, apontam a ingênua crença das pessoas nos ordenamentos, o que faz com que esqueçam e ignorem as tramas sociais de dominação e império que os legitimam. Neste aspecto, o próprio discurso dos direitos humanos, se tomado de forma ingênua, pode operar inversões que justifiquem a violação dos direitos mesmos. É o caso freqüente do uso retórico dos direitos públicos para justificar a violação dos direitos individuais, como se um fosse oposto ao outro, como se um não se legitimasse exatamente pela preservação do outro.
Ao perceber o giro que a razão ardilosa estabelece, fica fácil compreender como um argumento de proteção perversamente é utilizado (inversão ideológica) para violar o que se pretendia tutelado.
Nas belas palavras de David Sanchez Rubio uma síntese do processo, desde o local daquele que utiliza e é utilizado pela razão ardilosa: “quienes vem como monstruo a su enemigo, está proyectando sobre él su propria monstruosidad. Las imágenes deformadas y amenazantes que reflejan los espejos no son las de los supuestos enemigos, sino la de quienes lo construyen y acaban creyéndose que lo son. Lo tienen dentro de sí y lo adjudican a los demás” (David Sanchez Rubio, Acerca de la Democracia y los Derechos Humanos, p. 97).

terça-feira, 14 de julho de 2009

Café Indisciplinar


Eu e a Mari debateremos o filme "A Troca" no III Café Indisciplinar, organizado pelo ICA. Data: 24.07, 18 hs. Local: Centrarte.

Para confirmar presença acesse: http://criminologiaealteridade.ning.com/