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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Pequeno manifesto em defesa da atividade docente

"Caro prof. coordenador
Eu e a Mariana agradecemos, sinceramente, o convite para lecionar no curso. Como podes ter percebido pelo nosso pedido de envio do programa da especialização e da lista do corpo docente, temos um cuidado muito grande com os projetos aos quais nos associamos. Aceitamos o contive, embora tenhamos notado alguns problemas, inclusive o baixo valor da hora-aula paga aos professores. De qualquer forma, a proposta da conferência inaugural e de dividirmos a disciplina de Criminologia nos pareceu interessante.
No entanto, após comentar com alguns amigos, recebemos a triste notícia de que a Instituição tem, de forma reiterada, atrasado e/ou deixado de pagar o seu corpo docente. Isso, para nós, é inadmissível.
Somos profissionais da educação e primamos pelo respeito absoluto à atividade docente, motivo pelo qual é totalmente contra os nossos princípios ser conivente, direta ou indiretamente, por ação ou omissão, com esta situação. Infelizmente, esta é uma realidade muito comum no Brasil atual, qual seja, Instituições de ensino privadas que exploram, dolosa ou culposamente, o seu corpo docente ao limite.
Se existe algo que nos move profissionalmente não é apenas denunciar, mas agir contundentemente contra este tipo de desrespeito aos professores.  
Referiste, no último e-mail, que tens ciência de que professores estão “tendo problemas” com a Instituição, mas que no curso que coordenas os professores estavam recebendo em dia, garantindo que iremos receber pelas aulas. Fatalmente demonstra preocupação, o que pessoalmente agradecemos. Mas não estamos preocupados apenas se nós iremos receber. Aliás, a solução proposta é mais grave em termos éticos, porque nenhum de nós se sentiria minimamente confortável sabendo que outros colegas, que estão lecionando no mesmo ambiente, não estão recebendo. Notas a gravidade da situação? Percebes a profundidade do problema? Não pretendemos dar nenhuma “lição de moral", mas isso, para nós, é muito grave. Extrapola os limites do tolerável. Fere profundamente os nossos princípios, embora seja cada vez mais raro, na falta de comprometimento ético que marca a pós-modernidade, as pessoas agirem conforme princípios.
Desta forma, reiterando o agradecimento, informamos que estamos declinando do convite.
Pedimos, igualmente, que esta mensagem seja encaminhada aos gestores da Instituição, porque igualmente temos ciência de que não és o responsável por esta lamentável situação.  
Saudações acadêmicas
Prof. Dr. Salo de Carvalho
Profa. Dra. Mariana Assis Brasil Weigert"