Prezado L. O. S. T.
Após publicar no Antiblog o
e-mail que te enviei, recebi inúmeras mensagens – sobretudo inbox, via Facebook. De igual forma,
vários foram os comentários em perfis de amigos que compartilharam nossa “missiva
eletrônica”.
Um número considerável de
pessoas exigiu retratação. Alguns internautas entenderam agressiva a minha resposta ao teu pedido. Deselegante o
estilo e academicamente desestimulante (para referir apenas o que é possível
registrar).
Em respeito aos leitores,
escrevo este post para me retratar publicamente e pedir sinceras desculpas pelos
eventuais excessos na minha crítica.
A questão, porém, é que não
recebi nenhum comentário teu sobre o meu e-mail. Motivo pelo qual fiquei com
uma dúvida insanável sobre a tua real existência. Aliás, as tuas iniciais
(traduzidas) e a imagem que publiquei com o texto não poderiam sugerir um
personagem fictício? Ou, ainda, a construção de uma espécie de “tipo-ideal” que
agregaria, através da colagem de várias circunstâncias, características comuns presentes
na “pesquisa jurídica” e que refletiriam "uma espécie" de acadêmico de direito?
A Mariana, que sempre lê as
bobagens que escrevo, insiste que eu seja mais explícito em determinadas
questões e que não seja tão sutil nas ironias e nos sarcasmos. Reluto, pois
aprecio a ironia e não tenho paciência para “explicar piadas”. Confesso que
pessoas sem ironia me irritam um pouco (muito, na realidade). Mas tenho que
reconhecer que ela (sempre) tem razão quando afirma que "no empobrecimento da cultura acadêmica a
principal vítima é ironia."
Para exemplificar, no recente
texto que publiquei, intitulado “Mentes Perigosas na Academia”, quase todos os amigos para quem enviei a primeira versão (veja os agradecimentos) pediram que
eu deixasse evidente que se tratava de uma narrativa irônica, temendo as más
interpretações. Infelizmente, a ironia e o sarcasmos são produtos escassos no
mercado.
Assim, caro L. O. S. T., em
nossa próxima troca de correspondências, procurarei ser ‘didático’. Farei como
os professores de cursinhos preparatórios e criarei pequenos jingles, ou
piadas, ou esquetes, para resumir o conteúdo daquilo que pretendo expor (L. O.
S. T., meu amigo, este foi apenas mais
um sarcarsmo, não espere que eu grave covers jurídicos ou faça stand up shows).
Serei muito preciso a partir de
hoje e faço questão de desenhar (figura de linguagem, certo?) o que pretendi
expor no post anterior:
1o. Acho
desrespeitoso que um aluno contate um professor, pedindo ‘dicas’, sem, ao
menos, ter lido o que ele produziu sobre o tema;
2o. Considero pedante
e servil o tratamento ‘doutoral’ que alguns consideram inerente à ‘tradição’
jurídica;
3o. Penso ser
extremamente inadequada, para dizer o mínimo, a ausência de pesquisa nas
Faculdades de Direito;
4o. Entendo ser
inaceitável que os alunos, de graduação e de pós-graduação, pautem sua
atividade acadêmica pela lógica quantitativa, orientação que gera uma
preocupação doentia com ‘publicações’.
5o. Considero
inadequado que o pesquisador parta de uma hipótese e não de um problema - esta questão é um pouco mais delicada e creio que deva ser explicada em outro momento.
Bueno, meu caro, espero que
entendas os motivos da publicação deste e daquele e-mail. E me desculpe se fui
muito duro na crítica. Quem sabe, algum dia, possamos
nos encontrar pessoalmente, tomar um bom vinho e rir disso tudo.
Saudações acadêmicas
Salo de Carvalho
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