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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ao acadêmico L. O. S. T., uma retratação (ou, da necessidade de explicar uma piada)



Prezado L. O. S. T.

Após publicar no Antiblog o e-mail que te enviei, recebi inúmeras mensagens – sobretudo inbox, via Facebook. De igual forma, vários foram os comentários em perfis de amigos que compartilharam nossa “missiva eletrônica”.
Um número considerável de pessoas exigiu retratação. Alguns internautas entenderam agressiva a minha resposta ao teu pedido. Deselegante o estilo e academicamente desestimulante (para referir apenas o que é possível registrar).
Em respeito aos leitores, escrevo este post para me retratar publicamente e pedir sinceras desculpas pelos eventuais excessos na minha crítica.
A questão, porém, é que não recebi nenhum comentário teu sobre o meu e-mail. Motivo pelo qual fiquei com uma dúvida insanável sobre a tua real existência. Aliás, as tuas iniciais (traduzidas) e a imagem que publiquei com o texto não poderiam sugerir um personagem fictício? Ou, ainda, a construção de uma espécie de “tipo-ideal” que agregaria, através da colagem de várias circunstâncias, características comuns presentes na “pesquisa jurídica” e que refletiriam "uma espécie" de acadêmico de direito?
A Mariana, que sempre lê as bobagens que escrevo, insiste que eu seja mais explícito em determinadas questões e que não seja tão sutil nas ironias e nos sarcasmos. Reluto, pois aprecio a ironia e não tenho paciência para “explicar piadas”. Confesso que pessoas sem ironia me irritam um pouco (muito, na realidade). Mas tenho que reconhecer que ela (sempre) tem razão quando afirma que "no empobrecimento da cultura acadêmica a principal vítima é ironia."
Para exemplificar, no recente texto que publiquei, intitulado “Mentes Perigosas na Academia”, quase todos os amigos para quem enviei a primeira versão (veja os agradecimentos) pediram que eu deixasse evidente que se tratava de uma narrativa irônica, temendo as más interpretações. Infelizmente, a ironia e o sarcasmos são produtos escassos no mercado.
Assim, caro L. O. S. T., em nossa próxima troca de correspondências, procurarei ser ‘didático’. Farei como os professores de cursinhos preparatórios e criarei pequenos jingles, ou piadas, ou esquetes, para resumir o conteúdo daquilo que pretendo expor (L. O. S. T.,  meu amigo, este foi apenas mais um sarcarsmo, não espere que eu grave covers jurídicos ou faça stand up shows).
Serei muito preciso a partir de hoje e faço questão de desenhar (figura de linguagem, certo?) o que pretendi expor no post anterior:
1o. Acho desrespeitoso que um aluno contate um professor, pedindo ‘dicas’, sem, ao menos, ter lido o que ele produziu sobre o tema;
2o. Considero pedante e servil o tratamento ‘doutoral’ que alguns consideram inerente à ‘tradição’ jurídica;
3o. Penso ser extremamente inadequada, para dizer o mínimo, a ausência de pesquisa nas Faculdades de Direito;
4o. Entendo ser inaceitável que os alunos, de graduação e de pós-graduação, pautem sua atividade acadêmica pela lógica quantitativa, orientação que gera uma preocupação doentia com ‘publicações’.
5o. Considero inadequado que o pesquisador parta de uma hipótese e não de um problema - esta questão é um pouco mais delicada e creio que deva ser explicada em outro momento.
Bueno, meu caro, espero que entendas os motivos da publicação deste e daquele e-mail. E me desculpe se fui muito duro na crítica. Quem sabe, algum dia, possamos nos encontrar pessoalmente, tomar um bom vinho e rir disso tudo.
Saudações acadêmicas

Salo de Carvalho

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