A primeira vez que li sobre o autor foi numa entrevista do Saramago que dizia que ninguém poderia escrever daquela forma com 30 anos - "tenho vontade de bater-lhe", disse Saramago. Indicação mais do que suficiente para ler "Jerusalém", sua principal obra. Texto magnífico, que depois sugeri ao Lênio Streck para fazer uma edição especial do "Direito e Literatura". Vocês encontram o vídeo na barra lateral do Antiblog.
No último natal, ganhei "Uma menina..." da Mari e da Inês. Provavelmente para que eu interrompesse um pouco o ritmo da redação de um trabalho que estava escrevendo desde agosto.
Não quero redigir um spoiler. Nem saberia. Acho que o livro não comporta spoilers. Quem ler, entenderá o que quero dizer.
O livro é ambientado na Alemanha do pós-guerra e a maioria dos personagens, de alguma forma, pertencem aos grupos preferenciais da perseguição nacional-socialista.
O texto, em alguns momentos, é profundamente angustiante, pois Tavares alterna com bastante liberdade o sujeito da narrativa (primeira e terceira pessoa). Além disso, sua pontuação é muito irregular, sobretudo na estrutura dos diálogos. A forma lembra muito Saramago, inclusive pelo fato de a ausência de uma pontuação mais clara não prejudicar em nada a compreensão.
Lembrei muito dos momentos kafkianos de "Todos os Nomes": a arquitetura do hotel; a vertigem do acesso ao antiquário; as fichas do arquivo esquecido; a função histórica dos homens-memória; o hospício de cães; a mão do garçom; as miniaturas do homem do olho vermelho.
Grande livro. Merece ser lido.
Um comentário:
q bom q voltaste. já vi que tinhas postado outras coisas. os blogs não estão mortos. estão bem vivos.
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