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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Gozo Necrofílico

Interpretar as reações do público consumidor do sistema penal é uma das funções da Criminologia (crítica).
Mas é triste ver esta espécie de gozo necrofílico - a expressão é do psicanalista Charles Melman, utilizada na obra "O Homem sem Gravidade" -, do senso comum em relação ao excessivo tempo de condenação de uma pessoa ao cárcere, mesmo sendo a pena decorrência de um juízo condenatório aparentemente justo em face da prática de um crime bárbaro. Refiro, logicamente, o caso Eloá. 
Infelizmente a incorporação do punitivismo faz com que as pessoas tenham prazer (gozo) com a barbárie. E este gozo não é apenas com a rigidez da condenação. É um gozo irrestrito com todas as formas de violência: a violência da crueldade da pena e a violência bárbara do delito. 
Sob a máscara hipócrita da proteção da vítima, o julgamento e o delito foram transformados em espetáculos mórbidos, consumidos naturalmente pelas pessoas ordeiras na sala de jantar, enquanto deixavam soltos os leões e os tigres no quintal. Tudo em nome da satisfação orgástica da horda (platéia geralmente anônima), ocupada em nascer e fazer morrer.


4 comentários:

Francisco Fernandes Neto disse...

Esse gozo mórbido vem acompanhado por pessoas que defendem " direitos humanos para humanos direitos". Humanos direitos hipócritas, que agridem o meio ambiente, que passam voando no sinal fechado. Que não respeitam faixa de segurança. Por pessoas que dão um jeitinho de empregar familiares no serviço público sem concurso. Mas "sou bem direitinho". Nem vou falar de racismo, preconceitos e intolerâncias. Sociedade hipócrita, doente, falida moralmente.

Cris disse...

Panis Et Circenses

Muito bom!

Marcela Mattos disse...

Infelizmente essa é a nossa realidade. Os sensacionalistas passam a pseudoimagem de que o Direito Penal é a solução para todos os problemas, trazendo um falso conforto para a população. E, enquanto isso, o governo continua se eximindo de suas responsabilidades, ou seja, dar condição para aqueles que sofreram com intervenção do Direito Penal e estão cumprindo pena, reeducar-se e ressocializar-se, possibilitando-os retornar a sociedade e traçar novos caminhos desvencilhando da criminalidade.

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Muito bom seus textos.Fiquei curioso e quero pesquisar sobre este livrocitado do Charles Melman.Um grande abraço!