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sábado, 31 de julho de 2010

Sobre a Investigação Acadêmica na Atualidade

Alguns discursos sempre me irritaram profundamente na academia - sobretudo em bancas de seleção de pós-graduação e de defesas de monografia, dissertação ou tese. Sobretudo porque sempre soaram como escusas absolutórias - lembram da teoria criminológica denominada "técnicas de neutralização"? Não lembra? Então (re)leia o Baratta.
E estes discursos são bem fáceis de exemplificar: "professor, existe pouca bibliografia sobre o meu tema"; "professor, ninguém escreveu sobre isso antes"; "professor, na província onde moro eu não consigo acesso à bibliografia atualizada."
À primeira série de argumentos eu responderia de forma bastante simples: "acorda! não existe tema inédito ou tema que nunca tenha sido trabalhado ."
À segunda escusa, a resposta, que é complementar à primeira, deve ser mais contundente: "réélôôôu! aprenda a pesquisar!"
A minha querida amiga, Professora Doutora Maria Tereza Flores-Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCRS, concordaria comigo. Inclusive porque ela partilha do mesmo tipo de indignação.
Conversando ontem de noite com o Achutti - eu e a Mari saímos para jantar com o casal restaurativo Daniel e Raffa -, concluímos que, na atualidade, simplesmente não há mais qualquer tipo de desculpa para que um pesquisador não se tenha conhecimento pleno e atualizado sobre o que está sendo pesquisado nos principais centros de investigação do mundo.
As ferramentas de pesquisa que a internet fornece tornam pífia qualquer tentativa de escusa. E não estou falando apenas do óbvio google acadêmico. A CAPES - e é fundamental que se reconheça e se aplauda - inseriu a academia brasileira no universo de pesquisa mundial.
A criação do banco de teses e o acesso livre (gratuíto) que qualquer estudante universitário e de pós-graduação tem aos periódicos internacionais, nos coloca em situação de igualdade com os principais centros de referência do mundo - em termos de acesso, frise-se.
Na área da Criminologia, configurando o computador pessoal e com a senha de acesso da biblioteca da Faculdade, qualquer aluno consulta a íntegra dos principais periódicos do mundo - é só dar uma olhada na barra lateral do Antiblog para ter uma pequena ideia do que estou falando. A SAGE, principal editora acadêmica internacional, que publica os periódicos de referência, tem ferramentas de pesquisa espetaculares para coleta de material - confiram, p. ex., a pesquisa por disciplinas no site da editora: http://online.sagepub.com/browse/by/discipline.
Em síntese: não há mais justificativa para que os investigadores nacionais (graduandos, mestrandos, doutorandos e professores) não estejam ligados nas últimas pesquisas sobre seus temas. Ninguém precisa mais sair de casa para acessar o que há de mais avançado na pesquisa acadêmica.

5 comentários:

Unknown disse...

Eu tive acesso a esse tipo de busca, somente nesse ano. Apos aula com o Rodrigo no mestrado. A pesquisa multipla me ajuda muito e diversas situações academicas...

Algumas vezes é dificil o acesso fisico, mas nada como a comunicação a outros pesquisadores para ter acesso as obras!

ABS.

Guigo

Fernando Piccoli disse...

E tem mais: "Professor, como assim? Me disseram que não podia pegar nada da Internet..." hehehe

Pois é, isso é tão comum quanto dramático.

Na minha opinião, o problema vem mais de baixo, e esses discursos que surgem nas bancas parecem ser consequência da (desin)formação acadêmica no que diz respeito à "pesquisa".

Tudo começa na graduação, no "fatídico TCC", onde o aluno se vê diante da obrigatoriedade de fazer um "trabalho para apresentar pra uma banca". O maior trabalho de pesquisa (senão único) até então. Dependendo das ferramentas que o aluno tem (orientação, conhecimento em pesquisa, informação a respeito de metodologia) é possível que surja daí o primeiro trauma com a pesquisa acadêmica.

Muitos alunos apresentam o TCC sem saber a utilidade do projeto de pesquisa, ou melhor, sem sequer ter feito projeto de pesquisa. Se ouvir a pergunta: "pra que serve o TCC?", a resposta provavelmente será: "é um requisito necessário para obtenção do grau de bacharel". Ou até coisa pior.

Diante dessa iniciação traumática, fazer pesquisa acaba virando sinônimo de escrever algumas páginas de texto com bastante citações, e que precisam ser colocadas nas normas da ABNT.

E assim se segue ao longo da carreira acadêmica até que o aluno entenda o real sentido da pesquisa.

Acredito ser um misto de desinteresse, desinformação, problemas institucionais, ensino "pasteurizado"...

Débora Almeida disse...

Sinceramente, não sei qual é o pior: se são essas "escusas absolutórias" dos graduandos ou pós-graduandos ou se são os plágios feitos por alguns mestres ou doutores aclamados...
Tem cada coisa no "campo acadêmico"!

Géssica disse...

Salo, preciso confessar que foi um pouco broxante ter penal hoje e nao te ter como professor, deveria ter aproveitado mais tuas aulas, hehehe. mas me esforçarei para gostar desse novo cidadão;
beijos

Unknown disse...

valeu géssica!