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domingo, 16 de outubro de 2011

Sobre Occupy Porto Alegre


É inquestionável a relevância do movimento que tomou a Praça da Matriz, ontem, em Porto Alegre.
A principal questão que vejo é que não se trata de um movimento isolado ou de uma simples "cópia" das reivindicações que vimos na Europa e na América do Norte.
Lógico que a chamada para a tomada das ruas no 15 de outubro acompanha um movimento global de crítica e denúncia das crises do capitalismo financeiro. Mas em 2011, assistimos, aqui na Província, a Marcha da Liberdade, a Marcha da Maconha, a Marcha das Putas e no final do mês teremos a Parada Livre. Todos movimentos políticos espontâneos, supra-partidários e supra-institucionais, organizados e geridos livre e horizontalmente. Movimentos políticos com pautas distintas daquelas da "grande política". Pautas que primam pela liberdade individual e pelo direito de ser e de pensar fora dos padrões (e das prisões) do senso comum. A grande reivindicação foi, e continua sendo, o direito à diferença e à soberania individual.
Na ocupação da Praça da Matriz esta característica ficou bastante nítida e o movimento conseguiu se distanciar do oportunismo das instituições que quiseram colar a ocupação com a pauta moralista e vazia do "combate à corrupção" - quero escrever especificamente sobre esta questão em outro post, sobretudo a atuação patética da OAB/RS.
Creio, inclusive, que muitas pessoas que participaram das outras manifestações referidas deixaram de comparecer em razão da tentativa pífia de algumas instituições de tomarem a condução da marcha, transformando em um ato político da "velha política". Mas depois de os empreendedores morais discursarem mui empolgadamente sobre os "valores da sociedade dos homens de bem" e irem embora - pois provavelmente tinham que participar de algum evento da alta sociedade política ou econômica da Província - os verdadeiros protagonistas, de forma muito natural, tomaram a praça e a ocupação aconteceu, livre e pacificamente.

Um comentário:

Eduardo Gutierrez disse...

sim, muito diferente. aqui nos EUA (ou em Austin, pelo menos) os protestos sao muito especificos: aumento de impostos pras grandes corporacoes; diminuicao do custo dos seguros de saude - um cara na passeata me disse que nao e que eles queiram que o governo proveja, (ele deve ahcar que isso seria comunismo), eles so querem que seja mais barato ; falta de trabalho, enfim, a critica e muito focada em questoes economicas.