Conforme mencionei em post recente, foi publicado na Revista Brasileria de Ciências Criminais, n. 81, artigo de minha autoria denominado Criminologia Cultural, Complexidade e as Fronteiras de Pesquisa nas Ciências Criminais.
Disponibilizo aos interessados no tema o texto integral (clique aqui)
26 comentários:
Li o texto da revista quando ela saiu. Baixei tambem alguns "key papers" do site da Crim. Cultural (.org).
Vamos ver no que vai dar...
Imposível pensar em (pós-)modernidade sem levar em conta sua outra face, a (des)colonialidade e suas relações entre poder e saber.
Vide: Mignolo; Quijano; Dussel etc.
Do contrário, não refletimos sobre nossa realidade brasileira e nos tornamos meros comentadores eurocêntricos... (locus de enunciação)
Abraço,
Marco Antônio Preis
Requentando a discussão antiga, se me permites. (Podes apagar este comentário se quiseres)
Sobre piadas sobre violência de gênero e sobre como as feministas são umas exageradas:
http://www.sabado.pt/Multimedia/FOTOS/-span--b-Sociedade-b---span--(1)/Violencia-Domestica.aspx
Fica tudo dito sobre atraso das sociedades. Obrigado por teres introduzido esta discussão há um tempo atrás.
Marco, concordo desde que o objeto de debate seja a "(des)colonialidade e suas relações entre poder e saber."
É possível discutir pós-modernidade desde inúmeros locais. Não há, na pesquisa acadêmica, 'um' tema que seja obrigatório ou que se sobreponha.
Guta: beleza! Baita dica.
Agradeço a deferência, mas não creio que a discussão seja tão localizada. Pressupondo-se um "sistema-mundo moderno" (Wallterstein) modernidade e colonialidade são faces da mesma moeda, são noções indissociáveis (vide a reconstrução histórica de Enrique Dussel). Ademais, para enfrentar os problemas brasileiros (locais) que outro locus (perspectiva) é mais relevante que o local?
Abraço,
Marco Antônio Preis
bem simples: não pressuponho um "sistema-mundo moderno" e não acredito em reconstruções históricas.
Professor, obrigada por disponibilizar o texto! Hoje mesmo estava me questionando sobre o que seria propriamente a Criminologia Cultural... Creio que este texto auxiliará a elucidar esta questão. A propósito, quando será publicada a tradução do Ferrell?
Abraço,
Débora Almeida
Bem simples: sem uma contextualização coerente viramos meros comentadores de teorias e conceitos formulados sobre uma perspectiva diversa, alienígena, sem qualquer sintonia com nossos problemas. Não se trata de acreditar ou não, mas de optar por uma dentre várias possíveis versões da história (todas parciais).
MAP
Débora, a traduçao será publicada na próxima RBCCrim (82).
Marco, sugiro a leitura do texto - talvez seja esclarecedora.
Eu li o texto. É a partir dele que teço meus comentários. Agradeço a recomendação. Eu sugiro a obra do Walter Mignolo. Bastante esclarecedora.
MAP
Os estudos criminlógicos culturais só são impertinentes aqui na margem para quem considera que nossos fenômenos culturais não merecem atenção. Aliás, noruegueses e holandades ajudaram bastante o Zaffaroni a construir seu realismo marginal, e creio que sua obra Em busca das penas perdidas não foi considerada mera importação de conceitos que para nós não fazem sentido. O que não faz sentido é encerrar a construção do saber.
Não. Os estudos criminológicos culturais são tão pertinentes que estamos tentando lapidá-los, aprimorá-los. Se não merecessem atenção não perderíamos nosso precioso tempo. Claro que não faz sentido encerrar a construção do saber. O que é indispensável é contextualizar o saber importado, ter plena consciência das estruturas e relações de poder que lhe são inerentes, seus pressupostos e silêncios. Essa é a diferença entre um mero "apre(e)nder" o ensinado pelos mestres (eurocêntricos) para descobrir um universo circundante (cultural, claro, também) e separar-se dele e opor-se a ele, se for o caso, mas sempre como consciência em vigília. Não existe saber desinteressado.
MAP
Bueno, então temos um problema. Um grande problema. Se não estou enganado, estes são os últimos parágrafos do artigo - mas apenas se eu não estiver enganado, pois talvez eu não tenha escrito o que acho que escrevi.
"Neste quadro, a criminologia cultural e as demais vertentes que surgem da crítica pós-moderna podem aprimorar as problematizações e sugerir importantes lentes interpretativas.
Logicamente, como em relação a qualquer modelo teórico alienígena, dogmático ou crítico, necessária sua harmonização com as especificidades culturais e os saberes locais, de maneira que, antes de tudo, as distintas perspectivas possam dialogar, com reciprocidade. Do contrário, o processo é de importação cultural, de colonização científica ou, nas precisas lições de Sozzo, de mera translação/tradução de ideias . Assim como é imprescindível pensar saberes criminológicos locais, vivos na margem para a margem – e neste sentido segue absolutamente válida e atual a perspectiva do realismo marginal (Zaffaroni) –, fundamental se possam estabelecer encontros com alteridades e experiências com novos horizontes.
Na contemporaneidade latino-americana, marcada pela violência radical das agências de punitividade que redunda no hiperencarceramento da juventude urbana pobre, a crítica criminológica é, cada vez mais, necessária. Todavia a violência ultrapassa as agências formais do sistema penal, representando importante fenômeno cultural a ser investigado. A cultura do punitivismo, do encarceramento, da violência institucional; a proliferação das imagens, dos símbolos e as representações das violências; a circulação, o consumo e o impacto destas experiências na vida cotidiana das pessoas: projetam novos campos a explorar pela crítica realista na cultura marginal."
Ou talvez eu não tenha entendido bem o que eu escrevi.
Não. É exatamente esse é o único reparo que faço, humildemente: ter deixado para os últimos parágrafos o que deveria ser o ponto de partida.
Forte abraço,
Marco Antônio Preis
Se está no final, provavelmente há um motivo, ou seja, discussões anteriores que são, efetivamente, o foco do artigo, ou seja, o problema de pesquisa que o texto procura enfrentar.
Tanto que escrevi: "concordo desde que o objeto de debate seja a '(des)colonialidade e suas relações entre poder e saber.'
É possível discutir pós-modernidade desde inúmeros locais. Não há, na pesquisa acadêmica, 'um' tema que seja obrigatório ou que se sobreponha."
Para ficar mais claro: não existe 'O' tema pós-modernidade que deve pressupor 'O pressuposto'.
Do contrário, se fixa pauta a ser seguida e horizonte específico de debate sobre temas. Ou seja, se pauta, de fora, o que é lícito ou ilícito discutir sobre determinados problemas teóricos.
Posição que talvez não seja a mais democrática. Talvez...
Certíssimo, mas todo “corte” epistemológico requer escolhas. É inevitável. E as opções são igualmente ideológicas, “pressupõem” consciência e intencionalidade. A “Ciência” talvez seja o mais sutil instrumento de dominação, sobretudo quando se pretende “universal”. E as opções pré-científicas, essenciais para o próprio estudo, são políticas, culturais, etc. Essa é a beleza de um texto (rico) e de uma interpretação (igualmente). Certamente o senhor soube muito bem o que escreveu. Assim como eu sei muito bem o que li. Não são coisas idênticas.
Quanto ao tem central, creio que a noção de “modernidade” não passa de um projeto universal (sem reducionismos de ataque raivoso ao capitalismo) e a colonialidade uma de suas partes constitutivas. A modernidade, e por consequência as pós-modernidades não podem existir sem a colonialidade, sem gerar um desarranjo (no bom sentido) no sistema-mundo. Não se pode passar por cima das teorias da dependência, muito menos ignorar Wallerstein. A questão não é pontual porque “colonialismo” se difere de “colonialidade”. Colonialismo se refere a períodos históricos definidos e a lugares de domínio imperial. Essa noção pode ser localizada. Já a colonialidade denota toda a estrutura lógica de domínio subjacente, nos esferas econômica, política e sobretudo cultural e epsitêmica. Esta está impregnada e não pode ser desprezada. O giro epistêmico descolonial implica entender a modernidade a partir da colonialidade, enquanto que a pós-modernidade supõe entender a modernidade a partir da própria modernidade (visão pouco democrática, talvez).
O conhecimento não é algo que se produz de um não-lugar pós-moderno. Pelo contrário, o conhecimento sempre tem uma posição geo-histórica e geopolítica bem definidas. Por isso, a geopolítica do conhecimento (Aníbal Quijano) é perspectiva necessária para a superação dos pressupostos eurocêntricos do conhecimento válido e legítimo, da pauta do que é lícito discutir...
MAP
Realmente, há uma significativa diferença entre o escrito e o interpretado - não há dúvidas.
E obrigado pelas revelações, me sinto mais tranquilo, agora.
Nos próximos ensaios consultarei o código de licitudes para saber os pontos de partida corretos e os argumentos e as abordagens que eu não posso deixar de mencionar.
Finalmente estou me sentindo mais seguro academicamente.
No problem. Teach peace.
MP
Ouvi na banca algo que pretendo levar para a vida acadêmica. O texto deve ser criticado pelas suas presenças, não pelas suas ausências.
Marcelinho, a crítica das ausências (mesmo que "as ausências estejam presentes", mas para este tipo de crítica esta questão é menor), pode ser denominado como "vontade de verdade". Ou, ironicamente, como você me ouviu dizer em inúmeras bancas, "vontade de tese".
Não perca a banca de dissertação do Nereu amanhã, 14 horas, na PUC.
Olhe, sinto muito se me predispus a discutir e debater, a superar os “encerramentos” da construção do saber, na vã tentativa de dialogar e contribuir com tal construção. Talvez eu esteja errado. Achei que este fosse um espaço aberto e democrático, e não só mais um local exclusivamente para enaltecimentos e elogios. Me enganei redondamente. Fiquem felizes com seus dogmas e convicções.
Continuarei seu leitor, Professor (principalmente quando trata dos narcisismos).
Forte abraço,
Marco Antônio Preis
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viiskümmend aastat hiilgus on
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"El hombre tierra fue, vasija, párpado
del barro trémolo, forma de la arcilla,
fue cántaro caribe, piedra chibcha,
copa imperial o sílice araucana.
Tierno y sangriento fue, pero en la empuñadura
de su arma de cristal humedecido,
las iniciales de la tierra estaban
escritas.
Nadie pudo
recordarlas después: el viento
las olvidó, el idioma del agua
fue enterrado, las claves se perdieron
o se inundaron de silencio o sangre.
No se perdió la vida, hermanos pastorales.
Pero como una rosa salvaje
cayó una gota roja en la espesura,
y se apagó una lámpara de tierra.
Yo estoy aquí para contar la historia".
("Canto general", Pablo Neruda)
"Los negros de las Antillas serán más blancos - es decir, estarán más cerca de ser humanos - cuanto mejor dominen el francés. Todos los pueblos colonizados - en otras palabras, aquellos cuyo espíritu soporta el complejo de inferioridad que surge del hecho de que su originalidad cultural está muerta e enterrada - se enfrentan cara a cara con la lengua de la nación civilizadora".
("Piél negra, máscaras blancas", Frantz Fanon)
"Cê tá pensando que eu sou loki, bicho?
So malandro velho
Não se mete no enguiço"
(Arnaldo)
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