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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conselheiro da OAB/RS Responde ao Antiblog


Em razão do "desconforto institucional" que o post intitulado "Sobre a Patética Participação da OAB/RS no 15 de Outubro" causou, publico na íntegra a resposta encaminhada pelo Conselheiro Alexandre Wunderlich. 
O "direito de resposta" será divulgado nos mesmos canais que o post anterior.


"Na condição de leitor do AntiBlog e de Conselheiro da OAB/RS tomo a liberdade – que é direito – de responder o post “Sobre a patética participação da OAB/RS no 15 de Outubro.”
Pela agressividade da nota é visível o desencanto do titular do blog. Diria, o teor é ofensivo e despropositado. Estranho, inclusive, pois sei que o titular do blog é avesso aos adjetivos, buscando sempre a pureza do texto.
Penso, sinceramente, que faltou conhecimento e prudência no trato do tema participação da OAB/RS nas movimentações populares, que acabou por atingir (inominadamente) uma série de pessoas que estão engajadas no processo de democratização do país e que atuam todos os dias, de forma voluntária, em benefício da classe dos Advogados e da Sociedade Civil.
Primeiro, porque de “oportunista” não se pode acusar a OAB/RS, jamais, pois é de conhecimento – dos advogados que realmente militam na Ordem e pela Ordem - que a entidade foi a primeira instituição, ainda em 2007, a criar e depois alavancar no cenário nacional o movimento Agora Chega!
Trazendo a informação correta ao leitor, as “faixas” que tanto importunaram o titular do blog, bem como alguns de seus leitores-seguidores, foram produzidas ainda no ano de 2007, muito antes do 15 de Outubro, pois a luta é antiga na OAB/RS. 
Aliás, a atual direção da OAB/RS, ao contrário de outras gestões e de outras instituições, tem saído à rua com freqüência, não sendo omissa ou indiferente com as movimentações e as angústias populares.
Segundo, porque para se saber se a “manifestação é autêntica ou espontânea” deve-se conhecer minimamente a história da Ordem dos Advogados. Só quem não lembra o papel da OAB/RS nos Anos de Chumbo é que pode estranhar a presença do Advogado na rua, entender isso “fora de contexto” e, assim, censurar o colega. 
A OAB/RS fez um grande chamamento para que toda a sociedade saísse à rua, divulgou a movimentação, deu publicidade, contribuiu para a organização das manifestações e fez coro aos jovens e às demais instituições, zelando por manifestações suprapartidárias.
Portanto, não tenho nenhuma vergonha da minha classe, não tenho “vergonha alheia” dos meus colegas Advogados levantando bandeiras e gritando palavras de Ordem. Orgulho-me! Viver em democracia é isso, saber ser tolerante e reconhecer a diferença, a praça é lugar de todos e não de uma minoria.  Se a OAB/RS não vai à rua... é acusada de omissa. Se vai... alguns ficam “envergonhados”.
Como conheço a realidade dos advogados – daqueles que estão no Foro e se reconhecem como tal – me senti bem representado. E como todos sabem, tenho sociedade com Salo de Carvalho e escrevi vários livros com ele e, democraticamente, estou divergindo veementemente do meu amigo e colega: o lugar da OAB/RS é na rua e ao lado do povo!
Alexandre Wunderlich – Advogado e Conselheiro da OAB/RS"

17 comentários:

Anônimo disse...

Bonit isso, um em cada sala do escritório metralhando o teclado! rsrsrsrs

Anônimo disse...

Niguém percebeu que isso é uma jogadinha do Salo pra chamar atenção... Essa indignação tão mal fundamentada foi tão real quanto o coelhinho da páscoa ou papai noel. Vcs deveriam pedir descupas para os leitores que como eu ficaram com o estomago embrulhado depois dessa palhaçada de vcs.

Anônimo disse...

A jogadinha é ser Anônimo? Isso que é legal.

Anônimo disse...

O que vale são as idéias, e não as personalidades ;)

Unknown disse...

Não vou me manifestar mais sobre o tema porque jah disse exatamente o que penso. Apenas um detalhe: se tem uma coisa que não faço eh jogadinha, seja qual for.

Anônimo disse...

O legal é ser anonymous.

Anônimo disse...

Vivemos em uma democracia isso é fato, bem ou mal estamos em uma democracia.
Sobre a primazia da OAB-RS ou de qualquer outro estado em combater a corrupção isso é exagero inocente, a Ordem nos ultimos tempos em temas chave como este tem sido excessivamente tímida e não se pode falar que a OAB esta com o 'povo na rua' isso é balela.
Alexandre o Salo relata um sentimento comum que é 'a vergonha pelo outro' não 'do outro' nem de si mesmo por tb. ser ou ter sido advogado... È um sentimento que acomete com frequencia os intelectuais no sentido sartreano, sentir o mundo em sua ambiguidade existencial, ao mesmo tempo que vê a potência imanente dos corpos tb. admira a miséria que os captura, esta miséria da vergonha...
Por fim a crítica a Ordem é cabivél porque a OAB tem uma postura corporativa e muitas vezes atua para responder demandas sociais urgentes (como a corrupção) sem um compromisso sério, em geral são atividades que procuram justificar as diretorias atuais com olhos nas proximas eleições, sem efeitos substanciais no campo social.
Por fim anoto que sou advogado membro da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-PR-Londrina, e acho que a OAB deveria ser menos formal e mais combativa, porém não espero que tais coisas devenham daí...

Germano Schwartz disse...

Registre-se: nem Salo e nem Wunderlich são pessoas de fazer jogadinha. É por isso que possuem o reconhecimento que ambos têm. Isso não vem de graça.

Márcio Augusto Paixão disse...

Eu postei um comentário (como Anônimo) no qual afirmei minha dúvida acerca da participação da OAB nos protestos, assim como compartilhei minha descrença em movimentos que afastam adesões porventura legítimas - postura extremamente purista, a meu ver. Agora, essa resposta do Conselheiro da OAB me esclareceu a ponto de infirmar a dúvida e firmar uma posição. Escancarou-se que a OAB não entendeu e permanece não entendendo a essência desse novo movimento. Em parte, a crítica do autor do blog me pareceu ser justamente em relação ao fato de a OAB aparecer com suas velhas bandeiras no protesto; bandeiras que não foram encampadas ou adotadas por esse novo movimento, por razões óbvias, que dizem respeito à própria essência do 15/10. A OAB não se deu conta que, caso a corrupção magicamente acabe amanhã, a essência do 15/10 permanecerá intocada, ou seja: as antigas bandeiras da OAB nada têm a ver com a pauta desse novo movimento (do qual não faço parte, apesar de compartilhar de algumas ideias). Se a OAB levantar uma nova bandeira (não suas antigas) com mensagens voltadas não ao fim da "corrupção", mas, talvez, ao fim da hipocrisia e da concentração do poder, certamente será muito bem vinda nos protestos futuros. E eu, como advogado, não compartilharei da vergonha não tão alheia.

Samuel Sganzerla disse...

Existe coisa mais simples do que lutar por moralização na política?
Muito mais simples do que se questionar se nosso sistema político de hoje, em sua representatividade e eficácia quanto à uma democracia real, dá espaço para a moralização!
Não desconheço o trabalho da OAB e sei de pautas desta entidade que defenderam sim interesses da coletividade - cito, como exemplo, a revisão da Lei da Anistia.

Mas, com todo o respeito ao brilhante professor e advogado que assina esta resposta da OAB, afirmar que "o lugar da OAB/RS é na rua e ao lado do povo!" é tão somente uma frase DEMAGÓGICA, indo ao encontro deste movimento que apenas marca presença, sem qualquer pauta concreta, sem qualquer representatividade (o que diz a própria classe?), sem nada! Quando a OAB/RS que está do lado do povo atuou ao lado dos movimentos sociais? Quando o MPRS criminalizou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, respondendo a apelos midiáticos e do nosso então (des)governo Yeda, a instituição OAB/RS agiu ou foi só um ou outro membro da Comissão de Direitos Humanos, que não obteve grande respaldo dentro da entidade?
E a remoção da Vila Chocolatão? E o Movimento Nacional de Luta Pela Moradia, quando da tentativa de vender o terreno da FASE no Morro Santa Teresa?
Não são meras perguntas retóricas, eu só gostaria de saber: se a OAB está nas ruas ao lado do povo, digam-me onde, porque nem eu nem ninguém está conseguindo enxergar!

Anônimo disse...

Caro Mucão, muito tem sido feito pelas comissões especiais da OAB/RS, trabalho exatamente pelo direito à moradia, trabalho voluntário nas escolas públicas, principalmente pela Conselheira Carmelina Mazardo, da Comissão da Mulher Advogada. Formamos mais de 200 conciliadores no trabalho com a Justiça Restaurativa, que participaram o Achutti e o Ricardo, resp pela comissão. Estou disposto a te mostrar e tentar espaço se você deseja contribuir, quem sabe envia um projeto de trabalho com os movimentos e posso dar andamento. A idéia é aceitar as críticas e atuar a partir dela. Se você tiver interesse em participar, por favor, me procure na ESA da OAB/RS. mas, por favor, não fale sem conhecimento do que realmente está sendo feito dentro da OAB/RS. Abs, Alexandre Wunderlich

Márcio Augusto Paixão disse...

Prezado Mucão: eu fui procurado como advogado para defender os interesses dos moradores da Vila Chocolatão, pois já trabalhei para dois outros grupos de ocupações irregulares. Eu recusei a defesa, por ir de encontro a minhas convicções. Os moradores da chocolatão pretendiam pura e simplesmente permanecer morando naquele local, naqueles barracos de papelão insalubres, sujos e indignos, que já pegaram fogo mais de uma vez, pondo em risco a todos. Tentei demonstrar para eles que a (minha) ideia da defesa judicial dos sem-teto é mantê-los no local até que o Poder Público lhes acomode de forma digna. Alcançamos isso com a Vila Castelinho, imóvel hoje objeto de desapropriação do Município de Viamão, com recursos oriundos do Min. das Cidades. Isso os moradores do chocolatão já tinham alcançado; queriam permanecer por lá fundados no receio de que a mudança de domicílio pudesse prejudicá-los na tarefa de recolher papelão. Entendo o medo natural que uma mudança desse gênero suscita a qualquer um, mas, como sujeito externo e emocionalmente não envolvido, considerei que a remoção para moradias condignas e seguras era acertada no caso - até com um sucesso de fazer inveja a outros grupos carentes. Sugeri que buscassem outros profissionais e essa posição era particularmente minha, mas sempre deixei claro que, no meu entendimento, seria necessário um auxílio mais psicológico do que jurídico. Por fim, registro minha admiração pelos colegas que trabalham nessa área. Abraço

Anônimo disse...

o Mucão sim é quem sabe fazer críticas à OAB/RS....

Samuel Sganzerla disse...

OK, Alexandre, compreendido. Procurarei me informar mais, sei que há trabalho sendo feito dentro das comissões e, como bem disse, não ignorei este fato. Mas esta campanha "Contra a corrupção" da OAB ainda me parece demasiadamente vazia e seu uma pauta concreta, de forma que mantenho a mesma opinião desde que os vi na "marcha dos caras-pintada", no 7 de setembro. Sei do seu trabalho pelo contato com acadêmicos e o admiro, mas a instituição em si tomar parte e iniciativa em questões polêmicas, como tem tentado fazer neste momento, eu confesso que isso é para mim novidade. Vou maneirar nas críticas para me poupar de não falar qualquer besteira, como já posso ter feito. Abraços

Samuel Sganzerla disse...

Caro Márcio, tenho grandes amigos, com os quais já tive a oportunidade de discutir essa questão várias vezes, que pertencem a um grupo de assessoria jurídica popular e tem trabalhado até hoje junto à comunidade. Talvez a resistência de parte dos moradores da Vila - sei que não eram todos - se deva não somente à identificação com o local (não creio que seja uma questão de ajuda psicológica, mas pode existir uma explicação antropológica para a questão) ou ao bem fundado receio de dificultar a principal atividade econômica daquela população: a de catadores de papelão.
Creio, no entanto, que a maior crítica advém do projeto comunitário criado para abrigar o povo da Vila Chocolatão, em que o número de moradias era insuficiente para o número de famílias que nela habitavam, as escolas da região já haviam afirmado que não havia mais vagas para novos estudantes, não existe qualquer atendimento à saúde no loca, o projeto urbanístico da nova vila não está de acordo com o estatuto das cidades, uma vez que não possui áreas de convívio social e a pretensão - pelo que me foi dito - é que seria construído um muro ao redor daquela área. Bom, eu poderia falar de inúmeras questões acerca disso aqui, mas esse vídeo deve exprimir melhor o que estou tentando colocar: http://www.youtube.com/watch?v=IPF7UnOa3oo&feature=colike

Aliás, o projeto é até inferior do que aquele da remoção da Vila Dique, lá na Zona Norte, que já apresentou diversos problemas de infra-estrutura arquitetônica. O acesso à moradia foi tão somente uma pequena casinha de concreto, o que, todos sabemos, não é o suficiente para suprir o Direito à Moradia Digna proclamado na Declaração de Direitos Humanos e positivado em nossa Constituição Federal.
Mas a Copa do Mundo está aí e algo precisa ser feito, não!?

Márcio Augusto Paixão disse...

Caro Mucão: quando fui procurado esses detalhes e essa sucessão de eventos não existiam. O Município me apresentou um projeto bem diferente desse que tu relatas, há anos atrás, quando fui pesquisar essa questão. Aparentava apresentar condições muito dignas. Acreditei. Sou um otário mesmo. Talvez essas condições tenham sido apresentadas meio que falsamente, justamente para desestimular a atuação de caras que ficam putos com isso (como eu e tu), e dissuadir os moradores sobre a vontade de permanecer. São uns filhas da puta, com todo o respeito aos improváveis puritanos que visitam o blog. É lamentável mesmo. Sinto-me enganado e desiludido com esse panorama que tu me traçou; mas obviamente não tão enganado e desiludido como devem se sentir cada um dos moradores. É muito foda. Espero que a comunidade consiga consertar isso, e trazer esse futuro para os eixos que foram traçados anteriormente. Abraços, e boa sorte.

Arnando Dlenck disse...

Mucão! hahaha q lindo nome!