Testemunha entra a sala de audiência após duas horas de espera sem quaisquer explicações. Senta no local indicado pelo burocrata menor, visivelmente desconfortável no cenário. Sem dúvida, sua primeira colaboração com a justiça criminal.
Burocrata Menor: Nome.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Endereço.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Profissão.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Estado Civil.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Idade.
Testemunha: Resposta.
Excelência entra na sala de audiência. Não cumprimenta ninguém. Veste toga preta sobre o terno igualmente escuro, apesar do calor na cidade. Senta-se em frente da testemunha, em nível superior, abaixo de enorme crucifixo.
Excelência [sem olhar para a Testemunha]: O Sr. É parente, amigo íntimo ou inimigo do Réu.
Testemunha [sem entender direito o sentido da pergunta]: Não... Acho que não.
Excelência: Então eu vou lhe advertir que Sr. está aqui na qualidade de testemunha. Saiba que tem o dever de dizer a verdade, isto é, o Sr. não pode mentir. Se o Sr. mentir ou omitir fatos relevantes, responderá criminalmente pelo delito de falso testemunho, previsto no Código Penal com pena é de reclusão de 01 a 03 anos de prisão.
Testemunha [visivelmente nervosa, sem entender o sentido da advertência]: Aham...
Excelência: Sinta-se à vontade para responder as perguntas do Advogado e do Ministério Público.
Advogado [pensativo]: À vontade? Claro, à vontade...
Burocrata Menor: Nome.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Endereço.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Profissão.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Estado Civil.
Testemunha: Resposta.
Burocrata Menor: Idade.
Testemunha: Resposta.
Excelência entra na sala de audiência. Não cumprimenta ninguém. Veste toga preta sobre o terno igualmente escuro, apesar do calor na cidade. Senta-se em frente da testemunha, em nível superior, abaixo de enorme crucifixo.
Excelência [sem olhar para a Testemunha]: O Sr. É parente, amigo íntimo ou inimigo do Réu.
Testemunha [sem entender direito o sentido da pergunta]: Não... Acho que não.
Excelência: Então eu vou lhe advertir que Sr. está aqui na qualidade de testemunha. Saiba que tem o dever de dizer a verdade, isto é, o Sr. não pode mentir. Se o Sr. mentir ou omitir fatos relevantes, responderá criminalmente pelo delito de falso testemunho, previsto no Código Penal com pena é de reclusão de 01 a 03 anos de prisão.
Testemunha [visivelmente nervosa, sem entender o sentido da advertência]: Aham...
Excelência: Sinta-se à vontade para responder as perguntas do Advogado e do Ministério Público.
Advogado [pensativo]: À vontade? Claro, à vontade...
4 comentários:
Olha Salo, sinceramente eu vejo a lastimável cena como mais um desvocacionado inserido na judicatura.
Aqui no Espírito Santo, por ex., tem uma Excelência que, além de chamar expressamente réu e/ou testemunha de filho de 'meretriz' (como se esta não 'gozasse' de mais dignidade no mais da vezes do que aquele), no presente momento, está auxiliando PM's no cumprimento de mandados de prisão expedidos pelo próprio. Talvez, penso eu, ele queira, não só ser inquisidor, mas támbem 'tirar uma casca' da malandragem em termos de averiguação física. Nada contra, pelo contrário, respeito, porém viver em sociedade requer limites.
Bem vindo ao ES, um planeta - também - sem vida!
Abraço,
G.Peruchi
Vitória/ES
Curioso. Senti a mesma coisa durante uma audiência criminal semana passada. Pensando bem, sinto isso em quase toda audiência. É lamentável, mas réu, testemunhas e vítimas são tratados com grande desrespeito pelo Sistema da Justiça (vamos incluir os jurados também, muitas vezes espoliados por terem de participar 5 dias seguidos em julgamentos). Mas há exceções. Um grande abraço, lélio.
É amigos, nosso cotidiano é muito complicado. Mas vamos em frente!
Curioso II: Sinto a mesma coisa em relação à minha 'mulher'!
Mas será que é porque ela acha que eu apronto? E eu sou um santo...
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