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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quadrinhos Punitivistas e Violentos: Criminologia Cultural

Hulsman, no imperdível "Penas Perdidas", destacava a importâncias dos Comics (Quadrinhos) na formação da cultura violenta e punitivista.
Sempre gostei do Angeli. Para falar a verdade, sempre fui fã do Angeli. O cara sempre representou ser, desde o meu ponto de vista, um grande crítico da cultura contemporânea.
Mas o cara deu uma pisada feia na bola, daquelas que coloca seu trabalho em questão.
Trata-se da tira publicada em 26.01.10 na Folha de São Paulo.


Cena 01: "Mário, há anos que você não me toca!”. Cena 02: Porrada. Cena 03: “Pronto! Não tem do que reclamar!”

20 comentários:

G.D. disse...

Quando PICURRUCHO, era aficcionado total por quadrinhos.

Desde o ano passado, REATIVEI a paixonite e posso garantir que os Comics possuem TOTAL relevancia num estudo criminologico que releve uma cultura do desvio.

Para ficar no "mainstream", por hora, uso como comparativo os Batmans: o do Tim Burton era inspirado nas tirinhas e seriados dos anos 60, bobinho, moralista, "cumpridor" da lei e cooperativo com a policia.

Os Batmans cinematograficos recentes (C. Nolan, p. ex.), se inspira DIRETAMENTE nos quadrinhos dos anos 80: o "heroi" (entre aspas) fica sombrio, violento, malevovo, um tanto sarcastico e quase-quase caindo na mesma vala comum dos MANIACOS como seus inimigos.

Dai o cara junta esse tipo de referencia com a "historia das ideias" e a criminologia e...

Renata Costa disse...

É Salo... mas o Angeli se equilibra com a tira da Rê Bordosa que, convenhamos, nunca esperaria "anos" para ser tocada pelo cara.

Olha só a reflexão: "Toda vez que estou no bidê, sentindo este jatinho quente me acariciando... chego à conclusão de que homem não serve pra porra nenhuma!" (Rê Bordosa. Do começo ao fim. L&PM, p. 131).

GWB disse...

tambem acho q esta tira é uma pisada de bola do angeli, ainda q goste muito dele. este é mau. ha q o dizer e n precisa se buscar a conversa dos equilibrios. posso tar interpretando mau o comentario anterior, mas so lembro q a sociedade em si ja é suficientemente desiquilibrada, contra as mulheres. é a re bordosa q vai reequilibrar?
talvez o angeli tambem tenha pensado: putz esse n ficou legal.
é q esse é menos inteligente q as coisas da re bordosa tambem.
abraço siga a discussao. perdao qq coisa este comentario tao direto e mal escrito, mas estou com pouco tempo e acho q o salo puxou um debate muito interessante.

GWB disse...

sublinho q posso tar interpretando mal. pq a propria re bordosa n da para equilibrar nada. é humor alias de que gosto particularmente, por estar ali no limite. as vezes o cara ultrapassa as marcas e pede desculpas a seguir. sem grandes dilemas em justificar o excesso - pq aqui as vezes é bom tentar entender a intençao. chega, talvez seja impossivel explanar em tao pouco tempo.

GWB disse...

é dificil mesmo, pq esta tira so é violenta, n vejo graça nenhuma.
agora sim me calo.

Renata Costa disse...

Discordo dos meninos. Eu achei as duas tiras muito engraçadas e interpreto tudo como figuras estereotipadas. Não penso que o Angeli pretenda ou deva fazer um humor politicamente correto. Afinal, é isso que gostamos nele. Então, que conversa é essa? Pisou na bola? A tira é machista? Por favor!!! O Mário é um brutamonte, a piada é com a falta de noção dele. Não é em relação à (fraqueza da) mulher. Daí a minha lembrança da Rê Borbosa e a referência do "equilíbrio". Ela também faz parte da obra do Angeli e é a evidência do tradicional masculino no feminino... se por um lado lemos a tira do cara sem tato, por outro, rimos da mulher que esculhamba com um padrão de relacionamento estável ou socialmente esperado. De mais a mais, é arte. É um modo de expressão (crítica) da realidade que permite, inclusive, esse nosso debate. De qualquer sorte, para mim, o que não se espera de um humor desses, é uma interpretação literal.

Anônimo disse...

Concordo com a menina! abraços.

disse...

Eu tb.

Unknown disse...

Vamos lá: acho que todos que acompanham o Antiblog sabem que ninguém aqui propõe leituras literais de nada.
A questão não me parece esta.
Lógico que os quadrinhos - como toda manifestação artística - servem, em alguns casos, como formas de caricaturização da realidade.
A questão é que também não posso extrair a 'narrativa' dos quadrinhos, especificamente este do Angeli, do contexto sócio-cultural e de violência que se vive.
Logo, penso que está para além da caricaturização, da crítica ou do 'politicamente incorreto'.
Creio que há uma questão ética que sustenta esta discussão da violência de gênero que permite afirmar que o cara se equivocou feio. Sem essencializações, por suposto.
SC

Mari disse...

Salo disse o que eu gostaria de dizer. Não que o Angeli deva ser demonizado por uma tira, é um ser humano e comete erros e acertos ao longo de sua obrá. Agora, se nos calarmos quando estereótipos como esses virarem tirinhas do jornal, ficará difícil mudar a mentalidade desta sociedade em que, em pleno século XXI, tantas mulheres são violentadas diariamente...

GWB disse...

concordo com salo e mari, q conseguem explicar o q n consigo.

Anônimo disse...

o cara, esse brutamonte, poderia ter tocado mesmo, bem tocadinha. Daí ficava todo mundo feliz. Naão é prá bater, é só prá tocar. Salinho: de mulher e direito penal, eu entendo. Abs.
Anonimo não anonimo, de sempre, e nãoo outro.

Renata Costa disse...

Queridos Salo e Mari, caro GWD (que não conheço), enquanto eu revisava o que vai abaixo, entrou o comentário de outro anônimo. Depois dele, minha reflexào já náo tem mais sentido. Mas como me dei ao trabalho de digitar, fica aí para quem tiver paciência.


Para mim, a tira do Angeli se adequa muito bem à interface "comics" x formaçao da cultura punitivista, abordada por Hulsman.

Aliás, é por "sacadas" como esta que sou leitora assídua do blogue, afinal, admiro (e respeito) há muito tempo os insights do SC.

Apenas me manifesto quando me sinto instigada à discussão. Na data de hj isso náo foi diferente.

Tudo porque, de minha perspectiva, há grande valor criminológico na tira. Ela traz à baila um problema social: a violência de homens contra mulheres. Fato que nós poderíamos interpretar de forma diferente. Dito de outro modo: há um descompasso nos discursos; na comunicação entre os sujeitos (e, tb, entre nós) - veja-se o pedido da mulher e a resposta do tosco.

Reafirmo: NAO ENTENDO QUE A TIRA TENHA O CONDÀO (OU O PROPÓSITO) DE ESTIMULAR A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Aí minha divergência. Para mim, ela grotescamente chama a atençao para a tal violência ( por isso e como tu disseste, Salo, continuo vendo o Angeli como um crítico da cultura contemporânea.) Atribuir à tira, sozinha, o exercício de qualquer espécie de (anti)controle social representa negar todos os outros mecanismos de informaçao e de controle que influenciam os comportamentos; significa delegar uma força demasiada a um único instrumento de comunicaçào.

O que nós - como observadores - fazemos com esse texto é que é a questão. Podemos interpretá-lo como o retrato de um fenômeno criminológico ou, entào, podemos acreditar que ele se faz causa da violência que retrata e, com isso, passarmos a sustentar o descrédito de seu autor, hipótese que, em tempos outros, poderia ser interpretada como censura moral.

Marcelo Mayora disse...

O Laerte é 200 vezes melhor que o Angeli.

Fabica disse...

Fiquei incomodada com a tirinha... Da parte dela que lamenta a ausência do companheiro, e dele que responde com a linguagem da violência gratuita. Será que dá pra levar a 'discussão' adiante? Será que ficaria incomodada se os papéis estivessem invertidos? Eu acho que não...

12345 disse...

Bah... acho q o Angeli deu de guri... e um guri ULTRA, MEGA, MASTER babaca.

Podia chamar atenção pra violências íntimas (se essa fosse a idéia dele) de outra forma. O 'humor negro' em si não é o problema.
Me parece que o cara não pensou antes de fazer isso, como se não existisse questão ética prévia (concordo com o Salo)

Se a piada era com a estupidez do cara faltou (pelo menos pra mim) uma legenda. Imagino vários tipos lendo o jornal do dia, coçando o saco e se identificando, se achando o cara.

E imagino essa mulher que (talvez) tenha a cabeça de outro tempo (se pá casou virgem) e que espera ser tocada há anos (enquanto o cara provavelmente tem outras mulheres e filhos) vai chorar pra parede da delegacia, do forum, da defensoria, dos sajus, da vizinha, da igreja.

Claro que há outros olhares possíveis. Mas acho que esses dois falam muito alto, não consigo deixar de ouvir.

Confesso que me deu vontade de 'tocar' o Angeli (tocar minhas galochas nele!)

Anônimo disse...

Uns anos atrás os Simpsons vieram pro Brasil. Homer foi sequestrado. Bart ficou excitado com a loira de shorts enfiado na bunda que apresentava um programa infantil na TV. O menino pobre que a Lisa ajudou não tinha o que comer mas estava muito feliz desfilando no Carnaval.

Final do ano passado, Robin Willians falou: "Claro que o Rio ganhou de Chicago a sede das Olimpíadas. Chicago levou Michele e Oprah e o Rio levou 50 strippers e 500g de cocaína".

A piada realmente boa, os comics, sempre ofende alguns e mata de rir outros por um motivo simples: A boa piada sempre fala de uma verdade. Num País onde aprendemos a mentir, enganar, roubar, tirar vantagem desde cedo a verdade não diverte.

O brasileiro é uma gorda de 300 kilos que odeia ouvir que é gorda. Ela faz um regime pra parar de ouvir isso? Não! Regime e exercicio dá muito trabalho. Então a gorda chora. Se revolta. Faz manha. Ameaça. Processa. Porque, embora ela tentou se vestir como uma magra, no fundo a piada a fez lembrar que ela é mais gorda que a conta bancária do Bill Gates. A autoestima dela tem a profundidade de um pires cheio de água.

Angeli foi apenas incompreendido, como todo o gênio!

12345 disse...

Caro último anônimo,

Fico muito triste que você (como brasileiro, ou 'gorda de 300kg') se sinta assim. Já pensou em quem sabe imigrar (ou fazer exercício)? Digo isso como amiga, já que a vossa 'verdade' parece que não vos diverte.

Aquele abraço!

ps: no carnaval, a ala das baianas parece ser de regra composta por mulheres gordas e felizes. Salve Preta Gil e Tati Quebra-barraco!

Felipe de Oliveira - Direito e Inovação disse...

Angeli conseguiu ser o que sempre foi... (em sua homenagem deixo as reticências para que cada um interprete ao seu modo)
Não vou entrar na questão da "liberdade de expressão".
A Fabiane foi muito feliz quando propôs a inversão dos papéis e a nova reflexão a partir daí. Todo olhar masculino sobre essa temática é distante, por mais próximo que tente ser.
Como toda manifestação cultural, no momento em que foi publicada, deixou de pertencer ao Angeli e passou a ser de cada um que a interpreta da sua forma (Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade - F. Pessoa).
Na minha visão ele fez uma crítica à violência, penso que o excesso da agressão simboliza isso. Se fosse um soco e ela simplesmente apagasse, sem sangue nas paredes, etc., não reproduziria o absurdo da situação. Acho, apenas, que ele deveria ter suprimido o comentário final do sujeito.
Só não entendi pq o Brasil é uma gorda de 300kg e não um gordo de 300kg...

marcio kichalowski disse...

achei muito inteligente a tira do angeli, no primeiro quadrinho o homen é uma pessoa normal e nos proximos dois quadrinhos se pode notar que ele aparece com uma mascara de criminoso com isso pode se traduzir que se trata de uma tira didatico pedagogica explicando que o agir violento contra a mulher o transformou em uma criminoso.
marcio luis