A sala de aula é um espaço fantástico quando se tem o desejo de nela estar. Quando não é uma tortura para o professor e para o aluno; quando não há conflito e beligerância nesta relação; quando se está lá por prazer.
Ao longo dos meus 15 anos de docência – iniciei em 1995 na Unisinos, embora tenha tido experiências na UFSC em 1994 –, vários momentos de desencanto com a sala de aula foram sentidos. Em sua grande maioria o descontentamento com a docência era oriundo da minha insatisfação geral: eram momentos de crise pessoal que refletiam no espaço de convívio acadêmico.
Mas além de nos refletir, a sala de aula é um grande espaço de aprendizado, sobretudo para o professor. O deixar fluir solto o discurso permite que surjam pensamentos assustadores, que venham à superfície idéias contagiantes. O processo é quase psicanalítico: sala de aula e divã tem uma identidade muito especial.
Talvez por esta razão Warat sempre utilize a metáfora do espaço de ensino como um concerto de jazz onde a improvisação e a espontaneidade têm fundamental importância. Em certa ocasião, ao debater com um jovem professor que defendia a necessidade de intensa preparação da aula e de o professor seguir ipsis litteris os programas de ensino, Warat, com seu sarcasmo-ironia (pouco) tradicional, desconcertou o dogmata ao perguntar: “Você prepara suas relações afetivas? Você estabelece um roteiro para uma relação sexual?” Pasmo, o jovem burodogmata ficou estarrecido. Warat segue: “Se você prepara suas relações afetivas tenho pena de você e, principalmente, do teu ou da tua amante.”
É lógico que em disciplinas “duras” e “dogmáticas” há uma certa (digo uma certa) ordem a ser seguida. Mas o fundamental é entrar na sala de aula desarmado, pronto para uma nova experiência. O tema da aula (o ponto da matéria previsto no programa para ser desenvolvido) deve ser o motivo para o início de um diálogo entre professor e aluno. Diálogo que ambos sabem pode levar (ou ser levado) para qualquer outro lugar.
É com esta postura que o fazer docente emerge em mim como desejo e prazer. Apesar das burocracias, apesar dos desinteresses, apesar das cobranças, apesar dos pesares.
Ao longo dos meus 15 anos de docência – iniciei em 1995 na Unisinos, embora tenha tido experiências na UFSC em 1994 –, vários momentos de desencanto com a sala de aula foram sentidos. Em sua grande maioria o descontentamento com a docência era oriundo da minha insatisfação geral: eram momentos de crise pessoal que refletiam no espaço de convívio acadêmico.
Mas além de nos refletir, a sala de aula é um grande espaço de aprendizado, sobretudo para o professor. O deixar fluir solto o discurso permite que surjam pensamentos assustadores, que venham à superfície idéias contagiantes. O processo é quase psicanalítico: sala de aula e divã tem uma identidade muito especial.
Talvez por esta razão Warat sempre utilize a metáfora do espaço de ensino como um concerto de jazz onde a improvisação e a espontaneidade têm fundamental importância. Em certa ocasião, ao debater com um jovem professor que defendia a necessidade de intensa preparação da aula e de o professor seguir ipsis litteris os programas de ensino, Warat, com seu sarcasmo-ironia (pouco) tradicional, desconcertou o dogmata ao perguntar: “Você prepara suas relações afetivas? Você estabelece um roteiro para uma relação sexual?” Pasmo, o jovem burodogmata ficou estarrecido. Warat segue: “Se você prepara suas relações afetivas tenho pena de você e, principalmente, do teu ou da tua amante.”
É lógico que em disciplinas “duras” e “dogmáticas” há uma certa (digo uma certa) ordem a ser seguida. Mas o fundamental é entrar na sala de aula desarmado, pronto para uma nova experiência. O tema da aula (o ponto da matéria previsto no programa para ser desenvolvido) deve ser o motivo para o início de um diálogo entre professor e aluno. Diálogo que ambos sabem pode levar (ou ser levado) para qualquer outro lugar.
É com esta postura que o fazer docente emerge em mim como desejo e prazer. Apesar das burocracias, apesar dos desinteresses, apesar das cobranças, apesar dos pesares.
PS: o divã da foto é 'o' divã fundamental, aquele do Sig.
9 comentários:
Na sala de aula, no divã e nas relações afetivas, preparação não nos salva. É preciso coragem e entrega, e isso nem todos conseguem.
Prof. Saulo, tanto o professor como o aluno devem vir "abertos" para a sala de aula, o aluno e o professor devem dar abertura para a troca. O aluno primeiramente, tem que saber e entender porque de estar naquele local! Para muitos alunos, realmente a sala de aula é um divã, mas como uma tortura, algo imposto pela família... isso ainda se vê sim.. imposição da família em uma profissão e talvez esse seja o motivo pelo bloqueio a essa abertura de novas vivências e conhecimentos, trocas que é necessário em sala de aula!
O momento de sala de aula tem que ser de prazer como em uma relação afetiva... para mim pelo menos é esse o sentimento, de troca, de diálogo! Mas como disse A. Beheregaray é preciso coragem e entrega... e com certeza nem todos conseguem...afinal, é preciso se expor, é preciso interagir!!! E como coloca a outra colega, também me sinto uma mosquitinha em sala de aula, observando, sugando tudo aquilo que me acrescenta, me alimenta e me faz crescer! Precisamos de alunos e professores mossquitinhos!
A "entrega" mutua proporciona (em qualquer aspecto...) uma satisfacao incomparavel e uma experiencia que se faz UNICA, nao importa que varias vezes repetida.
O problema - por vezes vivenciado por mim em sala de aula - esta na imensa posicao frustrante e constrangedora da entrega EXCLUSIVA por parte apenas de um dos lados (falo do 'meu' ponto de vista).
Tem turmas/momentos em que o sujeito enxerga tudo sem mistica e se percebe um BOBO tentando agradar um auditorio impaciente.
A "limpeza da chaminé" que os 2 espaços - divã e sala de aula - proporcionam é único. Há pensamentos que só ali e conseguem ser pensados...
Velho, tu ta demais!!!
Este post veio em boa hora. É por isso que ainda não entrei nas circustâncias judiciais!
As aulas realmente proporcionam experiências únicas.
Recomendo FOrtemente a impressão e fixação deste texto nos murais da Pontifícia, além da distribuição dele na primeira semana de aulas AOS PROFESSORES. Há mais gente que foge do divã e se esconde no estrado... lamentável...
Salo foi meu melhor professor na faculdade (Unisinos) e lhe disse isso quando me formei. Lembro das dicas dos livros de ficção, dos filmes (ótimos!). Era mais que uma aula de Direito Penal. Era multicultural. Pena que poucos aproveitaram.
A frase correta - o Salo foi educado - do Warat é: "Quem prepara a aula não sabe trepar."
Germano
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